Um jovem estudante de Santarém colocou a circular há duas semanas na Internet uma petição dirigida à ministra da Cultura onde se “suplica” que o Estado, através do Ministério da Cultura, adquira o Teatro Rosa Damasceno. Um imóvel que há alguns anos se encontra ao abandono e que actualmente é propriedade de um empresário de construção civil após ter sido vendido pelo Club de Santarém. A petição tem actualmente 64 subscritores.“Os signatários desta petição consideram que é tempo de Vossa Exa. resgatar este baluarte de cultura e de cidadania do nosso país das mãos dos proprietários (cuja legitimidade está posta em causa), que por interesses egoístas e materialistas deixaram cair esta jóia da art-déco num estado deplorável, que inevitavelmente entristece quem por lá passa”, escreve Pedro Filipe Oliveira no preâmbulo da petição a que se pode aceder na Internet (ver em http://www.petitiononline.com/devrosa/petition.html).O autor da petição propõe que o Ministério da Cultura encontre com a Câmara Municipal de Santarém “uma solução de reabilitação para esta sala de espectáculos, podendo inclusive, lançar um concurso público para um projecto cultural para aquele espaço”. Para Pedro Filipe, isso poderia fazer do Teatro Rosa Damasceno “o verdadeiro centro de cidadania, de diálogo de culturas e de criação artística do Vale do Tejo, devolvendo o Rosa ao quotidiano de todos os escalabitanos”.O Teatro Rosa Damasceno está fechado ao público desde 1995 e em Março passado foi praticamente destruído por um incêndio. Só sobraram as paredes. O futuro do imóvel tem sido objecto de longas discussões cívicas e políticas. O próprio presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), já mostrou as suas reservas quanto a essa possibilidade, alegando que a zona é parca em estacionamento e pouco atractiva para os potenciais visitantes. A intenção da autarquia é construir uma sala de espectáculos multiusos no Campo Infante da Câmara.Pedro Filipe, que se encontra a concluir o curso de actores na Escola Superior de Teatro e Cinema, disse a O MIRANTE que a petição tem dois objectivos fundamentais: “por um lado, pedir que o governo intervenha neste caso, que averigue a legitimidade dos seus proprietários e que reclame para si o direito de preferência sobre o edifício; por outro, esta petição é um meio onde os escalabitanos, profissionais do espectáculo e cidadãos sensíveis a este caso podem expressar o seu sentimento em relação ao Rosa”. Sentimentos que aliás estão bem expressos nos comentários que acompanham algumas das assinaturas.O jovem, que já foi actor do Centro Dramático Bernardo Santareno, espera que a ministra da Cultura “se sensibilize com a voz dos cidadãos e que tome consciência da importância do Rosa Damasceno na vida cultural e social dos escalabitanos. Vamos ver se a união faz a força”.