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O desafio de viver da publicidade mesmo em tempo de vacas magras

Tudo começou na década de oitenta durante o boom das rádios piratas

Rui Silva Dinis é empresário no ramo da produção de brindes, mas há mais de 20 anos que também vende e produz spots publicitários para uma rádio local.

Começou a vender jogos de cama e artigos para o lar mas hoje dedica o seu tempo ao que mais gosta de fazer – comunicar. Só depois aparece a veia de vendedor que herdou do pai e que lhe paga as contas ao fim do mês. Rui Silva Dinis, empresário na área da produção de brindes publicitários, divide o seu tempo entre a fábrica que possui em Ourém e os spots publicitários que produz e grava para uma rádio local.O primeiro emprego nasceu no seio familiar. Com 21 anos, depois do serviço militar cumprido, Rui Silva Dinis começou a vender cuecas, soutiens, jogos de cama e mesa e outros artigos para o lar na loja que o pai possuía em Ourém. Anos mais tarde, a sua veia de vendedor levou a que o convidassem a vender também uns anúncios publicitários para a então chamada Top Rádio Livre de Ourém. “Estávamos nos anos 80, quando se deu o boom das chamadas rádios pirata e nessa altura toda a gente queria fazer publicidade na rádio”, conta Rui Dinis.O negócio paralelo correu tão bem que quatro anos depois o empresário largou os trapos, “despediu-se” do armazém de fazendas familiar para se dedicar em exclusivo à venda de publicidade. Angariava clientes, vendia o espaço publicitário e gravava ele próprio os spots que passavam mais tarde na rádio. Foi por brincadeira que se tornou empresário. “Havia muitos clientes que me perguntavam se não vendia também artigos publicitários, como canetas e porta-chaves e comecei a pensar que se calhar esse era também um bom negócio”. No final da década de 80 do século passado, depois de visitar uma feira da especialidade na Exponor (Porto) convenceu o irmão a investir com ele numa máquina de tampografia (para gravação de tshirt’s e afins). “Era só para experimentar, apalpar o negócio”, justifica quem hoje é empresário no sector.No primeiro ano a máquina funcionou em casa do irmão. Juntos passaram a fazer gravações publicitárias de empresas em esferográficas, isqueiros, porta-chaves. Os clientes apareciam naturalmente, por via da venda de anúncios de rádio que fazia em paralelo. Em 1990 arriscou e decidiu, com o irmão, avançar para um negócio próprio, fazendo nascer a Prestigiarte, instalada durante dez anos num edifício da cidade. Há três anos a empresa emancipou-se, fixando-se num pavilhão em frente à zona industrial de Ourém. É num espaço amplo e arejado que hoje estão as máquinas de estamparia e serigrafia, a freze computorizada, a máquina de cortar papel autocolante (ploter).“Fazemos publicidade de tudo”Num canto da fábrica há t-shirts brancas prontas a serem estampadas com publicidade institucional, numa mesa dezenas de canetas e isqueiros com as inscrições publicitárias já inscritas. “Fazemos publicidade de tudo e em quase tudo” explica o empresário com alma de vendedor. As letras da publicidade podem ser colocadas em bonés, chapéus-de-chuva, capas de plástico para guardar documentos.Apesar de o negócio não correr mal já teve melhores dias, queixa-se o empresário. “O comércio está a viver um momento de crise, como outros sectores, e as empresas não têm dinheiro para investir em publicidade”, diz, adiantando que, em tempo de vacas magras, os brindes publicitários acabam por ser considerados como um produto supérfluo, onde só se gasta dinheiro depois de cumprir todos os outros compromissos, nomeadamente os fiscais e o pagamento aos trabalhadores. “Só se sobrar alguma coisa é que se investe na divulgação da empresa através dos brindes”.Rui Dinis diz que o segredo do negócio é saber vender. “É preciso ter vocação. Vender o que o cliente pensa que não precisa é onde está a arte”. A paixão pela publicidade levou-o a nunca abandonar a publicidade de rádio. É aliás, a gravação de spots publicitários o que ainda hoje lhe dá mais gozo fazer. Continua a trabalhar para a rádio local onde há 21 anos entrou por brincadeira, agora denominada ABC, e na casa que recentemente construiu instalou até um pequeno estúdio de gravação, para simplificar o seu trabalho. “É bom quando podemos fazer o que realmente gostamos”.

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