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Arguto Manuel Serra d’Aire

Arguto Manuel Serra d’Aire

É curiosa essa tua dissertação pelo mundo dos souvenirs. Perguntas tu o que se pode comprar em Santarém como recuerdo para uma amiga. Boa questão. Se estivéssemos a falar das Caldas da Rainha a resposta era óbvia: as mulheres adoram louça, e quanto mais trabalhada melhor. Agora da zona de Santarém, assim de repente, não me lembro de nada. Só se for um daqueles avantajados pares de cornos que um simpático ancião costuma andar a vender nos restaurantes de Almeirim. Mas primeiro é conveniente conhecer bem as pessoas a quem se oferece. É chato uma pessoa já ter um par de cornos e de repente ver-se com outro nas mãos oferecido por um galhofeiro amigo que nas férias passou por terras ribatejanas.Chamando os bois pelos nomes, acho que os cornos de Almeirim (salvo seja) são um verdadeiro ex-libris que devia constar da lista de galhardetes que se dão aos visitantes oficiais. Os ministros e secretários de Estado, por exemplo, devem ter a despensa atestada de garrafas de vinho e de azeite, de presuntos, chouriços e outros produtos típicos de tudo quanto é sítio. Mas aposto que não têm um par de cornos para ornamentar a sala ou o escritório e para mostrar aos amigos. Ora aí está uma pecha nacional que os autarcas e artesãos de Almeirim podem ajudar suprir. Assim saibam pegar o assunto de caras.O secretário de Estado da Justiça, que na semana passada foi visitar a conservatória de Almeirim, merecia uma prenda dessas. O facto de estar a funcionar na cidade uma das cinco experiências-piloto (e porque não experiências-bóbi?) do programa Casa Pronta é mais do que suficiente para uma manifestação de apreço desse calibre. Um parzinho de cornos daqueles bem polidos e retorcidos caía que nem ginjas. Mas pelos vistos os autarcas da Câmara de Almeirim agora só querem é bicicletas. Cornos nada!!Para além de andarem a vender biclas ao desbarato (dizem que foram mais de cem) agora vão ofecerer mais quatro à GNR para patrulhamento da cidade. Aqueles guardas são uns autênticos todo-o-terreno. Andam a pé, andam de carro, andam a cavalo e a partir de agora vão andar também de pasteleira. Ainda os hei-de ver a patrulhar a vala de Alpiarça num barco patrulha igual ao da Câmara da Golegã.Malandreco Manuel Serra d’Aire não podia acabar sem falar da entrega de computadores portáteis a alunos e professores. A acção de propaganda foi de tal monta e mobilizou tantos membros do Governo que até o nosso amigo Jorge Lacão foi obrigado a sair do gabinete para ir a Tomar entregar aparelhos numa escola. As escolas podem não ter dinheiro para papel higiénico e detergente, os alunos podem não saber quem foi o primeiro rei de Portugal, mas que interessa isso quando se pode navegar pela Internet e fazer downloads.E já que estou a falar de escola quero deixar aqui as minhas felicitações ao deputado Miguel Relvas, que pelos vistos já é doutor. A bem dizer é só licenciado, mas como neste país para se ser doutor basta ter algum estatuto social e um pouco de faladura, Relvas merece o título com que já há muito tempo vinha sendo tratado. Afinal de contas há tanto licenciado analfabeto que faz questão de pôr o dr. à frente da assinatura que, só pela modéstia de nunca ter feito tal coisa, merece que a partir de hoje o trate sempre com o respeito devido a quem concluiu com êxito um brilhante percurso académico.Um éférreá doSerafim das Neves, Dr.
Arguto Manuel Serra d’Aire

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