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Autarcas cautelosos quanto à construção de nova barragem no Tejo

Autarcas cautelosos quanto à construção de nova barragem no Tejo

Dizem que o Governo tem de dissipar todas as dúvidas
“Não sei de que modo e até que ponto é que os investimentos feitos na zona ribeirinha de Constância vão ser afectados pela construção de uma barragem junto a Almourol”, referiu a O MIRANTE o presidente desse município. António Mendes (CDU) foi um dos poucos (apenas três) presidentes de câmara que estiveram presentes na apresentação do projecto de construção de dez barragens em território nacional. E saiu da cerimónia preocupado, sem ver esclarecidas algumas questões.“O meu receio inicial, de que o Governo iria aproveitar o projecto feito na década de 80 pela EDP para construção de uma barragem na zona, é infundado, o que me deixa um pouco mais aliviado”, diz António Mendes, que levanta no entanto outras questões: “Quero saber se a zona ribeirinha de Constância vai ser afectada e quero também saber qual é a altura prevista do paredão da barragem a edificar”.Dos documentos fornecidos pelo Instituto da Água (INAG) o autarca salienta que, à primeira vista, a barragem não provocará um grande impacto visual. “Se for concretizada a localização prevista nos documentos a barragem não será visível do Castelo de Almourol”, diz, adiantando tratar-se de uma barragem de “fio de água”, para aproveitar apenas a água que corre normalmente nos rios Tejo e Zêzere, não criando por isso uma grande albufeira.Para o autarca de Constância é importante que se aproveite os recursos naturais existentes mas todas as dúvidas sobre os impactos negativos que daí advêm “têm de ser completamente dissipadas. Não sou indiferente ao desenvolvimento nacional mas não posso desresponsabilizar-me das minhas funções perante quem me elegeu”, salienta.Uma opinião partilhada pelo congénere de Abrantes. Apesar de afirmar não estar preocupado “porque o que foi apresentado não é sequer um projecto mas uma mera intenção”, Nelson Carvalho lança críticas sobre o documento apresentado pelo INAG e questiona mesmo a sua viabilidade. “Diz aqui (apontando para o desenho que tem sobre a mesa) que o plano de água da barragem funcionará à cota 31, com um paredão de 24 metros de altura. Se isto fosse assim toda a zona ribeirinha do Tejo entre Abrantes (Aquapolis) e Constância seria destruída. Mais: parte da própria vila e a aldeia de Rio de Moinhos ficariam submersas”, refere Nelson Carvalho. Mesmo acreditando que o documento é “uma mera abordagem prévia” e que as questões levantadas se iriam decidir na fase de projecto, o autarca admite que o executivo municipal irá enviar um ofício ao INAG a questionar sobre as cotas mencionadas no documento. As preocupações são também extensíveis aos autarcas de Vila Nova da Barquinha e Chamusca. Miguel Pombeiro (PS) confessou a O MIRANTE também querer ver esclarecidas algumas “preocupações” sobre o projecto da barragem do Almourol. O presidente da Barquinha quer garantias de que a estrutura não será visível do Castelo de Almourol e que a ilha, onde está situado o monumento, “continuará a ser uma ilha”. Sérgio Carrinho (CDU), por seu lado, diz estar a acompanhar atentamente o processo e tem já agendado para a próxima reunião de câmara um documento a manifestar isso mesmo. Até porque, como salienta, “a margem do Tejo no concelho da Chamusca também será atingida”.Para 26 deste mês está marcada uma reunião entre os autarcas da região e os técnicos do Instituto da Água - INAG, onde esperam ver esclarecer todas as dúvidas. A proposta apresentada pelo Governo prevê que a barragem seja construída próximo da malha urbana da Praia do Ribatejo (concelho de Vila Nova da Barquinha), a dois quilómetros a montante do Castelo de Almourol, e terá uma produção de energia previsível de 209 GWh/ano. O projecto está incluído no Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico apresentado no início deste mês pelo Governo e que prevê a construção de dez barragens em todo o país até 2020.
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