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“A prática da caridade nunca foi tão necessária como hoje em dia”

João Canilho ergueu uma das maiores obras sociais do concelho
O edifício onde hoje se ergue o Centro Social e Paroquial de Azambuja foi mandado construir pelo engenheiro Moniz da Maia e entregue à diocese. Destinava-se a acolher as servas de Nossa Senhora de Fátima. Mas acabou por ser transformado num externato que funcionou entre 1965 e 1974. João Canilho, que chegou a Azambuja no final de 1968 para dar continuidade ao colégio, confirma que nunca deu lucro. As famílias não podiam suportar mais que a mensalidade mínima e a diferença era garantida pela família Moniz da Maia. “Chegava-se ao fim do ano e não tínhamos possibilidade de pedir à diocese. O engenheiro cobriu sempre o prejuízo”, ilustra.A partir de 1971 foi o genro, Luís Ortigão Costa, que passou a suportar as mensalidades dos filhos que frequentavam o colégio. E dos filhos dos empregados que trabalham na quinta e na Sugal – o maior empregador do concelho, além da Ford e GM. Porque parte da população não tinha condições para mandar os filhos para o colégio a paróquia implementou a tele-escola. Em colaboração com a câmara conseguiu transportes para a população do alto concelho. Abriu cursos nocturnos para instruir a população. “Houve uma reacção de certas famílias que me chocou. Diziam que nós abríamos as salas a outros que não sabiam se tinham os cartões de vacinas em ordem. Porque na manhã seguinte os meninos vinham sentar-se naquelas salas…” O colégio fechou portas em 1974 para evitar uma eventual tentativa de ocupação no Verão quente da revolução. As instalações foram cedidas ao ensino oficial que lá continuou até 1995. Depois foram construídas as escolas e a Igreja passou a dispor das instalações. O centro arrancou com 40 idosos, que depressa passam para 100. Depois vieram as crianças. A obra foi-se alargando até chegar às valências que o centro hoje dispõe – uma das maiores obras sociais do concelho. João Canilho acredita que a prática da caridade nunca foi tão necessária como hoje. “E a caridade não é no sentido de humilhar as pessoas, de dar isto ou aquilo. É a maneira como são acolhidas na sua própria dignidade pessoal”, diz o pároco convicto de que a obra da Igreja se distingue da oficial. “O Estado, queiramos ou não, é desumano. Falta calor em qualquer sector em que se envolva. Não é uma questão meramente técnica. Esta gente precisa às vezes, mais do que tudo, de um carinho.”

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