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Tri-campeão nacional de todo-o-terreno veteranos é do Sobralinho

Rui Panda lamenta a falta de patrocínios e ainda não perdeu a esperança de correr no Dakar

Rui Panda é tri-campeão nacional de todo-o-terreno. Uma paixão que continua a percorrer a toda a velocidade apesar da falta de apoios. O Dakar está no seu horizonte.

Rui Panda, de 42 anos, é o actual tri-campeão nacional de todo-o-terreno (TT), classe veteranos motos. O empresário, natural do Sobralinho, concelho de Vila Franca de Xira, confessa que nunca lhe passou pela cabeça que as motas se tornassem uma peça fundamental na sua vida. Oriundo de uma família humilde, Rui cedo percebeu que tinha que ir à luta para alcançar um lugar ao sol. Conseguiu uma independência financeira confortável através da música. O jovem, na altura com 20 anos, tocava viola baixo em várias bandas do concelho de Vila Franca. O primeiro contacto com o mundo das motas surgiu através de um companheiro de banda que possuía uma motorizada.O jovem músico começou por dar umas voltinhas no veículo de duas rodas e o bichinho das motas foi crescendo até que se tornou em paixão. Uma paixão que nunca mais abandonou. “Fazia o que toda a gente que gosta de motas faz. Tinha uma mota para andar na estrada, mas já tinha o bichinho das corridas Todo-o-Terreno. Comprava todas as revistas relacionadas com a modalidade. Fazia questão de estar sempre informado sobre as últimas notícias”, recorda.Um dia, durante uma dessas leituras, viu um anúncio onde dizia que estavam a terminar as inscrições para a Baja de Portalegre – a prova mais importante da modalidade. Rui Panda não pensou duas vezes. Decidiu experimentar a maior prova do campeonato nacional com alguns amigos.A falta de preparação física e a dureza da prova fizeram com que ficasse nos últimos lugares da competição. Mas a vontade de continuar a competir não desapareceu. Pelo contrário. Foi durante a prova de Portalegre que decidiu ser piloto de competição em TT.Com a sua primeira mota - uma Peugeot 125 que comprou, a prestações, com o dinheiro que ganhava na música – foi de férias para a Serra do Gerês com um amigo. “Foi uma experiência espectacular. Viajar de mota é muito mais emocionante do que viajar de carro dado que existe um maior contacto com a Natureza. Além disso, com a mota nunca ficamos presos nas filas de trânsito”, explica adiantando ainda que, na sua lua-de-mel, foi de mota, com a esposa, até Andorra.Quando questionado sobre o que sente quando está em cima de uma mota, Rui Panda tem dificuldade em explicar o que lhe vai na alma. “É uma sensação de liberdade indescritível e muito emocionante. Em cima de uma mota sinto que tudo é possível. É muito bom”, descreve.Apesar de se considerar um bom garfo, o desportista sabe que tem que se controlar com a alimentação uma vez que esta é uma modalidade muito dura, sobretudo, a nível físico e cardiovascular. Para não perder a forma, Rui corre duas a três vezes por semana e anda bastante de mota. Falta de apoios e o sonho do DakarApesar de ser, actualmente, o melhor piloto do campeonato de TT, na classe veteranos, Rui Panda tem sentido muitas dificuldades para seguir em frente na competição nacional. Tudo por causa da falta de patrocínios. O atleta pediu apoios junto do município vila-franquense e da junta de freguesia do Sobralinho mas as respostas foram sempre negativas.Rui sente-se magoado e revoltado pelo facto das entidades oficiais do seu concelho não darem importância ao facto de terem um atleta vencedor na região. “É triste constatar que, mesmo sem apoios, consigo vencer os meus adversários que têm todo o apoio das suas autarquias. Se consigo vencer sozinho imaginem onde não poderia chegar se tivesse mais patrocínios. Só para os treinos preciso de cerca de 10 mil euros em combustível. Se fosse futebol vinham todos atrás de mim, apoiar-me e dar-me palmadinhas nas costas. Como é uma modalidade menos conhecida dizem que não têm dinheiro”, lamenta.Panda pondera, inclusive, abandonar a carreira desportiva se não surgirem mais apoios dado que praticamente todas as despesas saem do seu bolso. Actualmente, os únicos apoios que tem são da ZA/Yamaha Motos que fornecem o motociclo para correr o ano inteiro nas provas, da Fox que faculta o equipamento e o Gois Moto Clube.O campeão de veteranos tem o sonho de participar na prova que considera ser a rainha de todas as provas. O Dakar. Os seus olhos brilham e o rosto muda de expressão quando fala no Dakar. Panda não tem dúvidas. Se lhe saísse o euromilhões ou se surgisse um patrocínio não pensava duas vezes. Participava na mítica prova que liga a Europa ao continente africano. E explica porquê.“O Dakar é a prova rainha de todas as provas de TT. O Dakar é onde atingimos e testamos todos os nossos limites. Superamo-nos a nós próprios. Gostava de saber até onde vão os meus limites. Sei que é egoísmo da minha parte dizê-lo mas, dava cinco anos da minha vida para participar num Dakar”, confessa.

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