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Pára-quedistas, matulões e matulonas em Vila Franca de Xira

A inauguração do Museu do Neo-realismo em Vila Franca de Xira teve a precedê-lo um conjunto de «eventos» mais ou menos pós-modernos que pelo seu teor insólito me surpreenderam. Não estava nada à espera de ouvir os nomes dos escritores e artistas plásticos do movimento neo-realista gritados por umas meninas que, num primeiro andar, assim distraíam as pessoas que aguentavam ao sol a possibilidade de entrarem no Museu. Tudo bem: na EXPO 98 era assim para entreter o pagode com palmas enquanto os eventos não começavam. Atiraram bonecos de plástico com pára-quedas e a seguir desceram dois homens em cordas na frontaria do edifício. Depois não percebi a guarda de honra feita por dois jovens atletas de esgrima que devem ter sofrido muito debaixo daqueles quentes fatos. Ao meu lado desmaiou uma menina que estava fardada tipo Hospedeira de Portugal a dar as boas vindas aos convidados. Com boa vontade lá apareceu um copo de água e um pacote de açúcar. Pobre pequena que não vai ter saudades de tamanha multidão. Lá dentro foi ainda mais inesperado. Dois matulões faziam pesos e halteres ao lado dos quadros famosos do movimento neo-realista. Ao mesmo tempo diversas matulonas passeavam os seus fatos de Lycra e as suas botas pretas numa espécie de tentativa de produzir torcicolos aos convidados. Uma delas usava um minúsculo chapéu-de-chuva. Lembrei-me logo de Catherine Deneuve e de Fraçoise Dorelác dançando no filme «Os chapéus-de-chuva de Cherburg». Não percebi nada mas deve ser da idade. Não vou ter tempo de perceber. Já tenho 56 anos, por isso estou na segunda parte da vida. E sei que não vai haver prolongamento. José do Carmo Francisco

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