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O supervisor de infra-estruturas eléctricas que “descarrega” a energia em campeonatos de BTT

O supervisor de infra-estruturas eléctricas que “descarrega” a energia em campeonatos de BTT

As primeiras recordações de infância de João Carlos Correia dizem todas respeito a comboios e linhas-férreas. Viveu até à adolescência dentro de estações ferroviárias, literalmente. Não admira por isso que a sua vida profissional esteja hoje intimamente ligada aos carris. Mais precisamente à parte eléctrica.

Lembra-se de ver e ouvir comboios durante as 24 horas do dia e de se habituar a tal facto. Desde os sete anos até à adolescência viveu dentro da estação de caminhos-de-ferro do Entroncamento. “A casa que foi destinada ao meu pai, ferroviário, ficava por cima do café da estação”, diz João Carlos Correia. Que aos 18 anos entrou no centro de formação da CP (hoje Fernave) como aprendiz do curso oficial de electricista. “Era um curso subsidiado pelo centro de formação profissional mas tínhamos a garantia de entrada na CP”, refere.Após o curso, João Carlos Correia foi colocado em Moscavide, a fazer trabalho de manutenção em equipamentos de alta tensão. A subestação onde trabalhava foi demolida na sequência da requalificação daquela zona, por causa da Expo’98 e o jovem foi deslocado para Vila Franca de Xira. Em 99 sai da manutenção e entra na gestão da rede eléctrica, como chefe de brigada, no posto central de telecomando, o órgão que tem a seu cargo toda a linha ferroviária electrificada, a nível nacional. “É o posto de comando, em Lisboa, que faz os cortes de tensão eléctrica, seja para manutenção da linha, por causa de um acidente ou uma simples avaria”. Há três anos João Carlos regressou ao Entroncamento, já com a categoria de supervisor. A sua função consiste em verificar o trabalho feito pela empresa contratada para fazer o serviço de manutenção da linha eléctrica, a Efacec. É na subestação eléctrica do Entroncamento que o supervisor inicia o seu dia de trabalho mas raramente passa lá muito tempo.Como supervisor da linha eléctrica tem a seu cargo uma área geográfica bastante vasta, desde o Vale de Santarém até Caxarias (linha do Norte) e ramal de Tomar. Além de fiscalizar e acompanhar o trabalho dos funcionários da Efacec na linha da Beira Baixa, entre Vila Nova da Barquinha e Castelo Branco. “Além da subestação do Entroncamento sou também responsável pelas subestações de Abrantes e Vila Velha de Ródão”. Tanto pode fazer uma deslocação de 50 quilómetros como de 200 quilómetros. A primeira coisa que faz quando chega à subestação do Entroncamento é ligar ao posto central de telecomando, em Lisboa, para saber se vai ter ou não um dia calmo. “às vezes há anomalias que acontecem durante a noite e só podemos actuar no dia seguinte”, diz quem afiança não ter dias rotineiros. Acompanha as duas equipas da Efacec na manutenção das linhas eléctricas e, ao final do dia, faz um relatório exaustivo que envia à sua chefia directa.Junto às linhas de alta tensão existentes na subestação do Entroncamento o supervisor explica o mecanismo eléctrico responsável pela circulação diária dos comboios. É ali que é recebida a energia da EDP, uma alimentação eléctrica de 60 mil watts que, através dos vários transformadores existentes na subestação, é diminuída para os 25 mil watts que vão alimentar a catenária – fios condutores de electricidade existentes por cima dos carris de que se “alimentam” os comboios eléctricos para circular.João Carlos gosta do trabalho, apesar dos perigos que ele pode acarretar. Uma pequena distracção pode ser fatal quando se trabalha numa rede de alta tensão. Mas prefere arriscar a estar em Lisboa, longe da família (residente na cidade dos comboios) e a trabalhar por turnos. “O facto de ter um horário (das 8h às 17 horas) e por isso ter mais tempo para a minha mulher e o meu filho de quatro anos levou-me a concorrer para a minha área de residência”, salienta o supervisor que, nos tempos livres, “descarrega” as energias acumuladas ao guiador de uma bicicleta, em percursos de todo o terreno. Atleta federado, João Carlos Correia correu este ano pela Taça de Portugal de maratona e foi 4º na sua categoria. No ranking nacional está em 37º lugar.
O supervisor de infra-estruturas eléctricas que “descarrega” a energia em campeonatos de BTT

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