uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

O psicólogo de formação que desistiu do seminário

“Não queira reformar-se que é pior”, avisa o provedor Armando Aparício, 73 anos, à entrada da sala de reuniões da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja. É lá que fala do seu percurso de vida e da sua chegada acidental à Azambuja há 44 anos. É filho de um ferroviário. Ribatejano, nascido em Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha, onde ainda tem casa e regressa com frequência. O chefe de finanças mais novo do país, que acabou como administrador delegado da fábrica de transformação de tomate da vila, onde acabou por ganhar raízes, vive hoje os seus dias de forma tão ou mais intensa que nos tempos em que exercia a sua actividade profissional. Falhou o seminário e formou-se em psicologia. A licenciatura que nunca levou à prática. A não ser para avaliar os gestos do interlocutor que observa discretamente. É uma pessoa cordial no trato - frontal, exigente e irónico quanto baste - que segue um fio condutor no discurso quase como se percorresse uma tabela financeira. Foram os números que o guiaram quase toda a vida. Primeiro nas finanças públicas. Depois na responsabilidade de administrador delegado da fábrica onde trabalhou 35 anos. Não se orgulha dos despedimentos colectivos que teve que propor enquanto administrador, mas vive de consciência tranquila pela forma como conduziu a empresa. É dessa forma que cumpre as funções de provedor da Santa Casa da Misericórdia, que apoia as crianças e os jovens do concelho. Jovens e menos jovens a quem dedica mais tempo que aos quatro netos que tem.Não esconde alguma vaidade em dizer que conseguiu resolver o problema da torre de Azambuja. Um imóvel inacabado no centro da vila de Azambuja, propriedade da Santa Casa da Misericórdia, que já foi vendido a um particular e está na fase final. Um negócio que permitirá à grande casa da solidariedade de Azambuja continuar a obra social. O próximo passo é a construção de um conjunto de apartamentos para idosos na zona dos Poisões, junto às piscinas. Um amigo queixa-se que Armando Aparício nunca aprendeu a ser cínico. A filha mais velha diz que o pai é demasiado ingénuo. Armando Aparício não recusa os rótulos. “Enfio barretes constantemente porque acredito que não me farão a mim aquilo que eu não seria capaz de fazer aos outros”.

Mais Notícias

    A carregar...