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“Os portugueses têm a mania de ser um bocado masoquistas”

“Os portugueses têm a mania de ser um bocado masoquistas”

Maria Cavaco Silva visitou instituição que apoia crianças em Vila Franca de Xira

Teve uma infância solitária num bairro de Lisboa, mas é uma apaixonada por crianças. Maria Cavaco Silva foi convidada de honra na inauguração da creche da ABEI, a Associação para o Bem Estar Infantil de Vila Franca de Xira e acredita que Portugal está a melhorar no apoio aos mais novos.

Diz na sua mensagem da página da presidência que as pessoas são o que qualquer país tem de mais importante: o seu capital humano. Considera que as crianças em Portugal têm o tratamento mais adequado?Do que tenho visto – e tenho visitado muitos locais – acho que cada vez estamos a tratar melhor as crianças. Ainda há muitas falhas e se as não houvesse não haveria necessidade de tantas instituições, nomeadamente as que tratam coisas que nem a comunicação social conhece. São sítios extremamente traumáticos. Tenho esperança que essas instituições sejam cada vez menos necessárias. Ainda ontem estive numa, a Novo Futuro, e a minha alma ficou extremamente feliz. Vi que há muita gente voluntariamente empenhada em deixar que as coisas muito graves ou não aconteçam ou, caso aconteçam, tenham solução. Como foi a sua infância na idade destes meninos?Tive uma infância normal, um pouco solitária porque era uma criança sozinha, no bairro de Campo de Ourique [Lisboa]. Nesse tempo ainda era muito semelhante a uma aldeia e era muito engraçado o ambiente. Ainda hoje tenho uma ligação afectiva muito forte ao bairro e o bairro sabe disso.Está ligada ao ensino da língua e cultura portuguesa. Como vê a forma como esta disciplina é leccionada nas escolas?Estou ligada ao ensino, mas apenas como professora. Não tenho ligação ao ministério nem a variadas escolas. O que posso dizer é que nas minhas aulas é bem leccionado. Mas falo em relação ao meu trabalho, que agora está um bocadinho mais interrompido.Acha que uma primeira-dama deveria ter funções mais activas?Acho que isso depende das primeiras-damas. Elas não têm nenhuma função concreta. Aqui há uns tempos perguntaram-me se acharia escandaloso se houvesse uma primeira-dama que não quisesse fazer nada, não quisesse empenhar-se ou aparecer. Acho que cada um tem que tomar as atitudes que quer. A minha intervenção é na área infantil e numa área que ainda me dói mais que tem que ver com a deficiência. Essa é uma das minhas grandes preocupações, bem como a educação, a arte e a cultura, que me interessam muito. Não tenho que criticar nem dar opiniões sobre os papéis das primeiras-damas. É um cargo que não existe, cada uma faz aquilo que entende que deve fazer.E como está a correr a sua experiência ?Está a ser muito agradável. Tenho a sensação de que às vezes a minha presença pode fazer alguma diferença positiva nos locais onde vou.Acha que o país mudou muito desde que deixou de ser a mulher do Primeiro-Ministro e passou a ser primeira-dama?Foram 10 anos de intervalo, o país mudou. Costumo dizer, porque quero ser optimista, que o caminho é sempre a subir. Há circunstâncias em que acho que está pior, outras em que acho que está melhor. Nesta área em que estou agora empenhada acho que não estamos tão mal assim. Nós é que às vezes temos a mania de sermos um bocadinho masoquistas.Atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher?Não concordo. Há vinte e tal anos que digo: só ao lado...
“Os portugueses têm a mania de ser um bocado masoquistas”

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