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Morte em acidente ferroviário na Linha do Norte vai a tribunal ao fim de quatro anos

Morte em acidente ferroviário na Linha do Norte vai a tribunal ao fim de quatro anos

Cinco pessoas são acusadas de crime de ofensa à integridade física por negligência
O inquérito ao acidente ferroviário ocorrido em 15 de Setembro de 2003 perto da estação de Lamarosa (Torres Novas), que vitimou Augusto Trindade, está concluído. O Ministério Público de Torres Novas demorou quatro anos e meio a deduzir acusação a cinco funcionários das empresas envolvidas na altura nas obras de requalificação ferroviária da Linha do Norte, entre Entroncamento e Albergaria dos Doze – o consórcio construtor Somague/Bento Pedroso, a Planege/Pangest, consórcio fiscalizador, e o sub-empreiteiro José Joaquim Cornacho e Filhos, a quem pertencia a escavadora. Os funcionários são acusados do crime de atentado à integridade física por negligência, no que diz respeito à segurança do local onde decorriam as obras. A família da única vítima já constituiu advogado e vai exigir uma indemnização. A família de Augusto Trindade vai constituir-se como assistente no julgamento, ainda sem data marcada. Filho único, Carlos Trindade reivindica uma indemnização (que ainda está a quantificar com o advogado) por danos morais e patrimoniais. “No dia 15 de Setembro de 2003 o meu pai comprou um bilhete para a morte”, refere, adiantando esperar que o caso se resolva mais depressa em tribunal que no Ministério Público. “Mesmo que esta luta demore mais 5, 6 ou 7 anos não desistiremos. Honrarei a morte do meu pai nem que seja a última coisa que faça na vida”, diz Carlos Trindade.O filho da única vítima mortal do acidente ferroviário critica ainda o facto de nem a CP nem a Refer ou qualquer outra entidade interveniente directa ou indirectamente no acidente os ter abordado nem tentado contactar desde aquele dia. “Nem os pêsames se dignaram a apresentar. Talvez pensem que o meu pai era algum indigente, mas estão muito enganados e vão ser castigados por isso”. Augusto Trindade morava em Alburitel, concelho de Ourém, mas deslocava-se frequentemente a Lisboa, onde o filho tem um pequeno comércio. Sempre de comboio. Naquele dia regressava a casa no comboio nº4431, que fazia a ligação entre a capital e Tomar, quando se deu o acidente, perto da estação da Lamarosa. O braço giratório de uma das máquinas que operava junto à linha embateu violentamente na carruagem onde seguia o idoso de 68 anos, provocando-lhe a morte. Além da vítima mortal mais duas pessoas, uma passageira e um funcionário da CP, sofrerem danos físicos.A esposa de Augusto Trindade continua a residir em Alburitel e é o filho que regularmente vem à terra para cuidar da idosa. “É uma mulher frágil, não só devido à idade (74 anos) mas também ao facto de nunca se ter conseguido recompor da morte do meu pai. E nunca se irá recuperar devido à revolta que sente”.
Morte em acidente ferroviário na Linha do Norte vai a tribunal ao fim de quatro anos

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