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Ex-funcionária da Câmara de Benavente responde por cobrar água por conta própria

Ex-funcionária da Câmara de Benavente responde por cobrar água por conta própria

Arguida está acusada de se ter apoderado de centenas de euros e de emitir recibos falsos

A administrativa oferecia-se para pagar a água a conhecidos e ficava com o dinheiro. Depois entregava recibos falsos que provavam o pagamento. Vários munícipes lesados ainda são considerados devedores.

Uma antiga funcionária da Câmara Municipal de Benavente está a responder por quatro crimes de falsificação de documentos. A arguida, acusada de se apoderar de várias centenas de euros que lhe foram confiados para pagamento de dezenas de facturas de água, começou a ser ouvida na terça-feira no tribunal de Benavente. A mulher de 45 anos, residente em Benavente, optou pelo silêncio. A funcionária pública com mais de 15 anos de serviço foi aposentada compulsivamente na sequência do processo disciplinar instaurado pela câmara. Duas ex-vizinhas confirmaram que entregaram várias quantias em dinheiro à assistente administrativa para pagar facturas da água referentes a consumos de 2003 e 2004. A situação correu normalmente durante alguns meses.Uma das testemunhas disse que só se apercebeu do problema quando, em Março de 2005, leu uma notícia no jornal O MIRANTE que dava conta de que haveria uma funcionária da Câmara de Benavente que se tinha apoderado do dinheiro da cobrança de facturas de água. Mais tarde a munícipe, residente em Samora Correia, foi notificada porque teria 19 facturas em atraso no valor de 141 euros. “Recebi uma carta para pagar mais de 160 euros (valor com juros de mora) e vi logo que tinha sido enganada”, disse.A acusação refere quatro vítimas do abuso de confiança da arguida, mas o presidente da câmara, António Ganhão, admitiu na altura a existência de mais pessoas lesadas. Quase quatro anos depois, os munícipes que confiaram na funcionária ainda estão na lista de devedores da Câmara Municipal de Benavente. Os serviços de águas aguardam a conclusão do processo para retirarem os munícipes da listagem dos devedores. Fonte da autarquia garante que “as pessoas não serão prejudicadas pela situação”.Segundo a acusação do Ministério Público, a assistente administrativa teria acesso a carimbos que colocava nos recibos da água que dava como pagos. Terá mesmo usado um carimbo e um datador diferente do que estava a ser utilizado pela secção de águas e pela tesouraria. Uma funcionária, que exercia funções de tesouraria na altura, confirmou que um carimbo usado pela arguida não era o oficial. Certo é que todos os recibos entregues às vítimas tinham um carimbo da câmara que os munícipes aceitaram como bom.Duas das vizinhas da arguida lesadas disseram que tinham uma relação de confiança com a funcionária municipal e nunca desconfiaram que a situação pudesse acontecer. Antigos colegas da funcionária explicaram a O MIRANTE que a mulher vivia um período complicado da sua vida após o divórcio e estava a passar por dificuldades financeiras. Houve colegas que emprestaram dinheiro que nunca recuperaram, mas não apresentaram queixa por considerarem “que não valia a pena”. A arguida negou as acusações de falsificação em sede de inquérito, mas não se livrou da aposentação compulsiva. Agora arrisca uma pena de prisão até três anos por cada um dos quatro crimes de que está acusada. Contudo, como não tem antecedentes criminais, a pena poderá ser suspensa na sua execução ou o juiz optar por aplicar uma multa em conformidade com os rendimentos da arguida.
Ex-funcionária da Câmara de Benavente responde por cobrar água por conta própria

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