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Médicos do Centro Hospitalar do Médio Tejo recusam prestar serviço fora da sua unidade

Até hoje não houve quaisquer consequências disciplinares de situações consideradas inaceitáveis
Alguns médicos especialistas a exercerem funções em cada uma das três unidades do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) têm-se recusado a prestar serviço nos outros hospitais do centro, que abrange as unidades de Abrantes, Tomar e Torres Novas. Mesmo que comprovadamente haja falta de clínicos dessa especialidade. Mesmo que seja apenas por umas horas. Mesmo que recebam ordens hierarquicamente superiores para o fazerem.O ano passado, ainda com a administração anterior, houve uma crise pontual no Hospital de Torres Novas, tendo a directora clínica do CHMT destacado para ali um anestesista, durante umas horas, de modo a que não fossem quebrados os tempos cirúrgicos. O referido médico recusou-se a acatar a ordem. Uma desautorização grave perante o restante quadro clínico, mas que teve a “almofada” de outros membros da administração. Este é apenas um exemplo entre vários, como confirmaram a O MIRANTE. E nenhum teve quaisquer consequências para os clínicos envolvidos. Em declarações ao nosso jornal, o presidente da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) afirma ter conhecimento destes casos mas acredita que dificilmente este tipo de situações irá voltar a acontecer no Médio Tejo. “Só há desobediência quando as pessoas acham que podem desobedecer”, salientou Gomes Branco.Apesar de se notar mais quando uma administração é frágil e desunida, a indisciplina médica não é nova no Centro Hospitalar do Médio Tejo. Em 2002, pouco antes de o centro ter passado do sector público para uma sociedade anónima de gestão empresarial, foi levantado um processo a um grupo de médicos que estava de serviço à urgência num determinado dia. O processo, baseado em “indisciplina médica”, surgiu após queixa de um doente e deveu-se ao facto de o referido grupo ter decidido ir jantar fora, “abandonando” os doentes durante um período de tempo considerado inaceitável. O problema é que a primeira administração da era empresarial do CHMT, liderada então por Joaquim Esperacinha, decidiu arquivar o processo para não criar atritos com a classe médica. De acordo com Gomes Branco a cultura interna de bairrismo que se tem vindo a assistir no CHMT não é maleita única e exclusiva das administrações que por ali passaram mas também dos próprios profissionais, “mais médicos que enfermeiros”. De acordo com o presidente da ARSLVT o facto de até agora a complementaridade inter-hospitais funcionar de forma imperfeita não é apenas culpa do último conselho de administração. “Se fossem autónomos os hospitais acabavam por se matar uns aos outros”, diz.

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