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Avelino Fernandes divide-se entre as paixões pela imagem e pela música

Avelino Fernandes divide-se entre as paixões pela imagem e pela música

“O negócio da fotografia está comercialmente morto”

Hoje são raros os clientes que entram na sua loja de fotografia para revelarem um rolo. A popularidade das máquinas digitais estragou-lhe o negócio, que já mal vai dando para as despesas.

“Vire a cabeça… mais um nadinha… olhe para a minha mão… está bom!”. O flash dispara e em pouco tempo estão quatro fotos tipo passe nas mãos de Avelino Fernandes. A paixão pela fotografia já vem de longe. Corria o ano de 1958 quando Avelino Fernandes, que na altura trabalhava como experimentador de automóveis, começou a dar os primeiros passos na carreira de fotógrafo. Durante muitos anos, conjugou o part-time da fotografia com a sua outra profissão. Aos fins-de-semana, fazia casamentos, baptizados e outras reportagens. Passava horas a fio no estúdio que tinha em casa a revelar as fotografias. Ainda a preto e branco.No final de 1993 resolveu negociar a saída da empresa onde trabalhava no ramo automóvel e em 1994, juntamente com a mulher, abrir os Estúdios Fotográficos Fonte Nova, em Vila Franca de Xira. O amor com que fala da sua paixão pela fotografia é inversamente proporcional ao desaire que sente pelo estado do negócio. “Comercialmente, este negócio está morto”, afirma. Avelino Fernandes garante que só mantém a casa aberta devido ao amor que sente pela arte. “Quem me dera que isto desse sequer para pagar as despesas”, lamenta. A diminuição do número de filhos e também do número de casamentos em Portugal é a principal causa apontada pelo fotógrafo para o decréscimo nos lucros da indústria. “O grande problema é que antes cada casal tinha dois ou três filhos e agora têm um e mesmo assim é só quando têm”, explica. Uma vez que os casamentos e baptizados são a principal fonte de rendimento, Adelino Fernandes sente bem o quanto a baixa natalidade afecta o seu negócio. A popularidade das máquinas fotográficas digitais é outra das causas para este declínio. “A outra machadada”, como lhe chama. Para Avelino Fernandes, não é uma questão de falta de dinheiro. “As pessoas têm dinheiro mas gastam-no noutras coisas diferentes”. “Desde que surgiu o digital, o balcão ficou arrumado. Já poucos mandam revelar rolos e são poucos os que vêm aqui para reproduzir fotografias de uma máquina digital”. Os fotógrafos profissionais são agora requisitados apenas para reportagens de eventos como casamentos, baptizados ou o carnaval das escolas. Ou para as fotografias tipo passe, para documentos.Se a fotografia é a sua grande paixão, a música não fica atrás. Avelino Fernandes toca saxofone na banda do Ateneu Artístico Vilafranquense. Em saídas da banda para ir tocar a outras cidades, até mesmo no estrangeiro, Avelino não dispensou a máquina fotográfica e chegou mesmo a ter de marchar com ela ao ombro, enquanto tocava saxofone. “Também toco banjo. Ainda hoje à hora de almoço estive aqui na loja a ensaiar”, diz. Os dois filhos de Avelino Fernandes ainda acompanharam o pai nalgumas reportagens fotográficas. Um deles chegou a fazer um curso de fotografia e o outro trabalhou na área dos vídeos. “Mas quando viram que tinham que trabalhar ao fim-de-semana, mandaram-me ir à minha vida sozinho”, lembra, com um sorriso. Apesar das agruras do negócio, a paixão por guardar os momentos mais especiais não deixa que Avelino Fernandes desligue de vez as várias máquinas fotográficas que possui. E entre o analógico e o digital, garante que vai continuar a aproveitar todos os momentos para explorar a sua paixão.
Avelino Fernandes divide-se entre as paixões pela imagem e pela música

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