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Da fábrica de radiadores a estudante de arquitectura

José Ramoa Ferreira nasceu em Braga em 1941. Aos 20 anos, quando se aproximava o serviço militar, o pai mandou-o para junto de familiares no Brasil, para escapar à tropa. Trabalhava então numa fábrica de radiadores. No Rio de Janeiro estudou arquitectura – não chegou a acabar o curso -, ligou-se ao meio artístico, foi decorador, negociante. Conheceu gente famosa. Quando regressou a Portugal, em 1969, manteve o gosto pelas tertúlias culturais. Privou com artistas como os pintores Relógio, Bual, Martins Correia e com o poeta e actor Vasco de Lima Couto, a quem deu guarida na casa apalaçada que comprou em Constância. O rés-do-chão alberga a casa museu em honra do poeta falecido em 1980. Roupas, mobília, objectos pessoais, correspondência, livros, discos, fotografias continuam a sinalizar a passagem do poeta por ali.No primeiro andar, onde habita José Ramoa, há outro museu, esse privado. Os quadros, esculturas, arte sacra e outras peças de arte acumulam-se pelas divisões. Telas originais de nomes grandes como Vieira da Silva ou Norberto Nunes captam a atenção. Dois retratos de José Ramoa, assinados por Martins Correia e por Artur Bual, atestam a dimensão dos afectos que foi alimentando no meio artístico. O mobiliário é também digno de museu. Na parede de um quarto está exposta uma toalha de mesa que terá sido utilizada por Massena, quando o oficial de Napoleão ali pernoitou.A casa construída em final do século XVIII, comprada à família do pintor José Campas, tem uma história notável. Foi pertença de Manuel da Silva Passos, que ficou mais conhecido na nossa história como Passos Manuel. Um proeminente político liberal do século XIX que foi ministro e que residiu grande parte da sua vida em Santarém. A rainha D. Maria II pernoitou nessa casa em 1836. Ali viveu também, na década de 80 do século XX, o poeta Alexandre o’Neill até alugar uma casa nas imediações, onde morou até falecer em 1986. O seu nome foi dado à biblioteca municipal da vila.A Casa Museu Vasco de Lima Couto foi oficialmente inaugurada em 1981 pelo então Presidente da República Ramalho Eanes. Actualmente encontra-se em obras. Habitualmente está disponível para visitas mediante marcação prévia, sendo procurada sobretudo por escolas. A casa museu tem também todo o espólio do poeta já falecido Manuel Mengo, primo do cinesta Manoel de Oliveira.A actividade da casa museu passa sobretudo pela edição de livros de poesia. Este ano vão sair mais dois livros, um de Vasco de Lima Couto e outro de Manuel Mengo, ambos inéditos. José Ramoa ainda tem mais doze livros de poesia de Vasco de Lima Couto para publicar.

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