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Avisado Serafim das Neves

O sentido de oportunidade nacional continua em alta. Até dá gosto ver como conseguimos farejar, a léguas de distância, baixas de preços, promoções exclusivas e apoios da União Europeia. Há duas semanas detectei um movimento inusitado de iniciativas de apoio aos imigrantes. Onde há fumo, há fogo, pensei logo. E pensei bem. O governo preparava-se para anunciar a distribuição de dinheiro para aquele género de actividade lúdica. O povo antecipou-se. Alguns sectores do povo, digamos assim. Quando a decisão foi notícia já se registava uma corrida desenfreada ao imigrante. Se eu fosse imigrante regressava de imediato ao país de origem. Tirava férias até a coisa acalmar. As comissões de apoio ao imigrante andam aí. Vai haver aulas de português, cursos de rendas e bordados, acções de formação profissional dadas por jovens desempregados apoiados pela Segurança Social. Africanos, brasileiros e cidadãos do Leste da Europa nem sabem o que os espera. Em Coruche uma novel comissão fez uma sessão destinada a ensinar os estrangeiros a criar uma associação. Como sabes o associativismo está em alta em Portugal. Somos considerados o povo mais associativeiro do Mundo. Ninguém melhor que nós para dar lições de associativismo. Foi um sucesso. Melhor era impossível. Aquilo até parecia uma reunião de uma associação portuguesa com muitos anos de existência. Estava a direcção quase toda, como acontece normalmente, e uma associada. Ou seja, uma imigrante. Fantástico! Basta dizer que na última assembleia-geral dos bombeiros aqui da terra não apareceu ninguém. O caso que aqui relato só prova que os imigrantes são rapidíssimos a apreender os nossos usos e costumes. Claro que o sucesso também se deve à perspicácia dos organizadores. A reunião foi marcada, propositadamente, para uma quarta-feira a seguir ao almoço. Como sabes os patrões portugueses já há muito tempo que costumam dar as tardes das quartas-feiras aos trabalhadores imigrantes para reuniões associativas. Mas mesmo assim continuo a dizer que se tratou de um retumbante sucesso que muito honra o associativismo português. Não concordas? Merecem subsídio ou não??!!Nas festas da cidade de Santarém voltaram a sair à rua os defensores da tradição. Damas e cavalheiros envergando trajes domingueiros do século passado. Eu cá gosto de ver. Sempre gostei de folclore. De etnografia. Enfim, dessas coisas. Mas há uma dúvida que me atormenta. Porque é que o pessoal das vestimentas não vai mais longe? Porque não recua mais no tempo? Até à época da conquista de Santarém, por exemplo. Isso é que era. O presidente Moita Flores vestido à Afonso Henriques. O vice-presidente, Ramiro Matos, com uma fatiota à Martim Moniz. Ficavam bem ou não ficavam?!! E podiam desafiar a oposição para um torneio, ou para uma justa. Ia ser lindo, Serafim. Espadeirada de criar bicho. O povo ululante à volta. E no final os vencedores, em vez de ferrarem o dente em canapés e rissóis, atacavam um bom javali no espeto com castanhas e arrotavam copiosamente para melhor recriar o ambiente. E se fosse preciso restaurava-se o direito de pernada, pois então. Ou há tradição ou não há!!!Um quebra-ossos bem tradicional do Manuel Serra d’Aire

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