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Camarigueiro Serafim das Neves

Trinta e quatro anos depois do 25 de Abril os mais nostálgicos da gloriosa data começam a ceder aos novos tempos. Em Santarém, junto à estátua do Salgueiro Maia, vi-os recorrer a cábulas para se conseguirem lembrar dos versos da Grândola Vila Morena. E cantaram cada um para seu lado o que demonstra uma pluralidade saudável. Estou convencido que não vai ser preciso o mesmo tempo do 5 de Outubro, para voltar tudo à normalidade. Fica o feriado que é o que mais importa. E a liberdade de escrever meia dúzia de barbaridades aqui nesta secção. É óptimo, mesmo quando alguns políticos cinzentos e mal-dispostos, ignoram o aviso que encima estas prosas e nos metem um processo em cima. Mas até isso pode acabar porque agora o presidente da câmara de Santarém vai mandar para Cuba todos os munícipes que tenham falta de vista. Não sei se leste a notícia daquela operação policial na A23. Os homens controlaram trezentos veículos em três horas. Quase dois por minuto. Estariam a ganhar à peça? Queres ver que começaram a trabalhar por conta própria?! À empreitada. Olha que não é má ideia. O pior é se alargam o sistema a toda a Função Pública. Vai haver desgraça da grossa. Quedas de rendimentos dramáticas. Famílias destroçadas. Trabalhar à fossanga nunca deu bons resultados. É como comer à pressa, acabamos sempre por nos engasgar. Um dia destes a Brigada mandou-me parar. O agente, só para ver os meus documentos, demorou 10 minutos. Eu estava admirado com a tranquilidade da operação. Depois é que vi que a mini-saia da Amélia estava tão subida que se lhe via o fio dental entalado nos lábios. Nos grandes. Quando ele se despediu com uma bela continência de barriga encolhida, e me chamou pernolas em vez de Manel tive a confirmação das minhas suspeitas. “Boa tarde senhor pernolas, continuação de boas massagens!!??” Ele estava mais virado para o monumento do que para o documento, Serafim. É por estas e por outras que eu duvido dos números relativos à operação policial da A23. A não ser que só tenham mandado parar camionistas.Já estive a ler os Poemas de Guerra do José Niza. Gostei particularmente de um chamado “Real Politik”. Não sei se já leste? “Os eleitos/estão nos leitos/das eleitas/ dos eleitos/eles têm barriguinha/elas os peitos perfeitos/e as mulheres dos eleitos/vêem as televisões/à espera que os seus maridos/acabem os seus serões”. Eu acho que o Niza devia escrever mais poemas em vez de andar metido na política. É uma pena não termos alguém como ele para fazer uma ode ao Sócrates, por exemplo. Imagina uma versalhada sobre o choque tecnológico, os projectos de arquitectura daquelas casinhas beirãs, a cena do Porreiro, pá??!! Este mundo não é perfeito. Resta-nos ler e reler o seu “Conselho de Ministros”. A mesa é utópica/a palavra redonda (…) a subversão é azul/a alcatifa vermelha/ e cada ministro/é uma ovelha”. Abençoada clarividência. Viva o poeta!!Adeus até ao meu regressoManuel Serra d’Aire

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