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SMS, SMS, SMS

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Ramalhetes de mensagens de telemóvel sem papoilas nem trigo

Ascensão rima com tradição mas o significado da rima não é conhecido pelos mais jovens. A globalização massifica. Apanhar a espiga é uma bizarria incompreensível. Tempo perdido que podia ser melhor utilizado a enviar SMS por telemóvel.

Foram ao campo pela primeira vez apanhar espigas e papoilas a convite de O MIRANTE mas nunca largaram os telemóveis e não pararam de enviar mensagens (SMS). São naturais da Chamusca mas nada os distingue dos jovens urbanos de qualquer cidade da Europa. Vestem as mesmas roupas, têm telemóveis das mesmas marcas, visitam os mesmos sites na internet, ouvem a mesma música. É a globalização em ascensão.Diogo diz que o seu recorde de envio de mensagens num só dia está próximo da centena e meia. Bernardo refere que gasta numa semana quatrocentas das mil e quinhentas que pode enviar por mês gratuitamente. Beatriz confessa que não costuma fazer essa contabilidade. “Perco a conta às que envio”.Na semana da Ascensão a febre o envio de mensagens de telemóvel não baixa. Por um lado os amigos estão mais tempo juntos para além das horas que passam na escola, mas isso não quer dizer nada. João explica: “Podemos estar num grupo a falar e ao mesmo tempo estar a enviar mensagens para pessoas que estão ali ao nosso lado. Fazemos isso quando queremos dizer algo que nem todos podem ouvir”.Ao longo da conversa com O MIRANTE – uma breve conversa porque, com o tempo perdido no campo a passear no meio do trigo, já estavam atrasados para uma festa – não havia telemóveis visíveis mas é possível que tenham sido enviadas vários SMS. “Conseguimos escrever sem estar a olhar para o teclado”, esclarecem prontamente Mariana e Patrícia. Uma espécie de dactilógrafas dos tempos modernos. Esclareça-se que a dactilógrafa – uma profissão já extinta – escrevia cartas e outros documentos à máquina - outro equipamento jurássico que só existe em museus e casas de antiguidades - e um dos seus requisitos era executar a tarefa sem olhar para o teclado.Há vinte anos atrás, nas salas de aula, voavam aviões de papel e bilhetinhos de papel, por vezes interceptados pelos professores. Hoje circulam invisivelmente pelo espaço SMS. No grupo não há ninguém que nunca tenha enviado mensagens de telemóvel no decorrer de uma aula. André, resume o programa do grupo para a Semana da Ascensão. “A única diferença é que temos oportunidade de conhecer mais pessoas que vêm de fora”. Quanto ao resto é o dia a dia habitual. Convívio, Internet, SMS, namoros, música, jantares e almoços de aniversário ou de simples convívio, escola e os habituais problemas da adolescência, entre os quais continuam a figurar as indesejáveis borbulhas que resistem heroicamente a todos os avanços tecnológicos.
SMS, SMS, SMS

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