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Manuel Serra d’Aire

Há dias tropecei num magote de velhos excursionistas e pensei com os meus botões que quando chegar aos 80 não quero que me vejam nessas figuras. Como se já não bastasse o calvário de um gajo ser velho (ou caminhar para lá), ter de andar acompanhado por velhas rabugentas a queixarem-se dos bicos de papagaio deve ser suplício maior que ver um jogo do Benfica do princípio ao fim. Sempre tivemos a mania dos grupinhos e das corporações, chamem-se Opus Dei ou Opus Gay, Maçonaria ou Grémio do Comércio de Bardalhais de Baixo. Juntamo-nos por afinidades clubísticas, políticas, profissionais, ideológicas, sexuais e por aí fora. E sempre gostámos de excursões, porque são uma forma de não termos de pensar muito a escolher caminhos. Há sempre um big brother que pensa nisso por nós e conduz o rebanho. É um reflexo da canga salazarenta que nos pesou durante meio século. Confesso que odeio excursões e visitas guiadas. E também não me convencem por aí além as afinidades geracionais nem os tiques corporativos. Sinceramente, sempre preferi duas mulheres de 30 do que uma de 60. E quando tiver 80 anos hei-de preferir duas de 40 que uma da minha idade. São manias…Como estamos a comemorar mais um Dia do Trabalhador, vem a propósito referir uma nota de imprensa da Câmara de Mação onde se refere com orgulho que esse é o concelho de Portugal continental com menos desempregados. A conclusão é de um estudo realizado pela Marktest, que indica uma taxa de apenas 1,1 por cento de desemprego entre os residentes no concelho. Com a sangria em massa de habitantes das últimas décadas, para mim a notícia não devia ser Mação quase não ter desempregados mas sim o facto de ainda haver gente suficiente por lá para proporcionar um estudo destes.Ironia à parte, até porque os presuntos de Mação não merecem tamanha desconsideração, acho que como portugueses temos obrigação de estar orgulhosos com o patamar de desenvolvimento a que chegamos, de pôr um qualquer habitante do Burkina Faso roído de inveja. Podemos ainda ter muita terra sem esgotos, mas em muitas cidades já há cagadouros para os cãezinhos defecarem sem sujar o espaço público. Mesmo que não sirvam para nada. Porque não há dúvida que uma zona relvada de um qualquer jardim é muito mais atractiva. Os nossos autarcas, quando se trata de mostrar serviço, são danados para obrar. Espero que a seguir venham os cagadouros para os pombos.Os donos dos cãezinhos de estimação são outra corporação importante deste país. A maioria dos seus elementos caracteriza-se por estar constantemente a assobiar para o ar com expressão de quem não sabe o que é um canídeo enquanto os enteados aliviam os intestinos a meia dúzia de metros, num qualquer canteiro de flores. Depois, têm ainda comportamentos próximos dos fanáticos dos automóveis e do futebol. Discutem as características dos bichos como se estivessem a falar de pistons, de cavalagem ou do João Moutinho e do Rui Costa. Com a vantagem de os bichos poderem ainda servir para começar uma bela conversa que pode acabar na cama. Coisa que dificilmente aconteceria se falassem de tubos de escape, de allerons traseiros ou de faróis de nevoeiro. Digo eu…Salamaleques proletários do Serafim das Neves

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