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Obras na Fundição Tomarense à espera de fundos comunitários

Obras na Fundição Tomarense à espera de fundos comunitários

Autarquia afasta intervenções pontuais no imóvel onde quer criar um museu

Técnica de museologia alerta para o estado de degradação do edifício e contesta despedimento por parte do município.

A Fundição Tomarense, antigo complexo industrial de Tomar também conhecido como Lagares D’ El Rey, encontra-se em avançado estado de degradação, chovendo no seu interior. Segundo Lígia Silva, museóloga contratada pela autarquia para fazer o inventário do legado da fundição, caso a autarquia não tome providências urgentes o espólio corre o risco de não ser recuperado. A técnica de museologia confirmou a O MIRANTE que quem passa na Rua Everard não se apercebe do estado de degradação do interior do complexo industrial que está “cheio de humidade, lixo e excremento de pombo”. Mas a autarquia afasta a hipótese de ali fazer qualquer tipo de intervenção, mesmo que pontual. “Seria o mesmo que deitar dinheiro fora uma vez que muito recentemente fizemos uma candidatura com vista à obtenção de fundos comunitários para transformar aquele espaço no Museu da Levada”, confirmou Corvelo de Sousa (PSD), presidente da Câmara de Tomar. A candidatura foi feita a 17 de Abril, no âmbito do Programa de Parcerias para a Regeneração Urbana.Segundo Corvelo de Sousa, a degradação do edifício é evidente e por isso necessita de sofrer “obras de vulto” não dispondo a câmara de dinheiro para as fazer. O autarca atesta que a recuperação do espaço faz parte dos planos da autarquia e, contradizendo a museóloga, assegura que o espólio da Fundição “está a salvo” uma vez que está devidamente guardado e conservado. A Fundição Tomarense encerrou as portas em 2002. A autarquia deliberou em Julho de 2006 adquirir o recheio por 80 mil euros, reconhecendo no espólio uma grande importância cultural e com vista a transformar o edifício num espaço museológico. Sem nunca ter sofrido obras, desde então, o património tem vindo a degradar-se. Os Lagares, edificados pelos Templários nos séculos XII e XIII, foram os primeiros moinhos e lagares de azeite razão pela qual são de extrema importância histórica para a cidade. O edifício acolheu ainda a primeira Central Eléctrica das Fábricas Mendes Godinho, alimentada pelas águas do rio, que forneceu energia à cidade e à moagem. Museóloga contesta despedimento sem aviso prévioO assunto foi espoletado na última reunião de câmara pela museóloga Lígia Silva, contratada em Outubro pela autarquia com o objectivo de fazer o levantamento do espólio da Fundição. A técnica, de 32 anos, deixou, no entanto, o trabalho a meio uma vez que o contrato de trabalho de seis meses não foi renovado. Lígia Silva, que estava afecta aos serviços de Museologia e sob as ordens do arquitecto José Faria, ficou surpreendida quando, na tarde do dia 1 de Abril (um dia depois do contrato ter terminado) lhe foi solicitado que se apresentasse com urgência no serviço de pessoal. “Não me deram nenhuma justificação. Apenas me disseram que podia ir arrumar as minhas coisas”, disse a O MIRANTE, acrescentando que sempre pensou que o seu contrato seria renovado uma vez que em seis meses não era possível fazer o inventário de todo o espólio. A museóloga fala em “falta de ética” por parte dos superiores de quem diz não ter ouvido uma palavra. Pondera ainda apresentar queixa contra a autarquia na Inspecção Geral do Trabalho uma vez que a decisão de não renovação do contrato não lhe foi comunicada atempadamente, como previsto na lei do contrato de trabalho. Contactado por O MIRANTE, o presidente da autarquia diz que não se pronuncia sobre assuntos relativos à contratação de pessoal. No entanto, prometeu averiguar a situação. Quanto ao restante trabalho de inventariação do espólio, o autarca considera que o mesmo poderá passar a ser desenvolvido por técnicos afectos aos serviços de Museologia. “O trabalho começou e será acabado”, disse.
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