O cavaleiro praticante de Almeirim António D’Almeida é o exemplo do jovem que corre atrás de um sonho e que faz tudo para o ir concretizando em cada treino, em cada praça. O toureiro que no dia 1 de Junho actua em casa, na terceira Grande Corrida O MIRANTE, tem o desejo de no próximo ano tirar a alternativa. Para já, o toureiro de 20 anos vai lidando em Espanha, onde tem feito a maior parte das corridas, não só para não gastar a imagem em Portugal mas também para ganhar mais experiência num país onde a tauromaquia é mais exigente.António D’Almeida deixou os estudos aos 16 anos para se tornar um profissional da festa brava. Teve pena de trocar os livros pelas selas, os arreios, o tratar dos cavalos. Mas sente que está a ir para onde o leva o coração, mesmo que isso muitas vezes o impeça de ir com os amigos às discotecas, bares e festas. Porque é preciso treinar todos os dias e de manhã acordar de cabeça fresca e limpa. Quando começou tinha quatro cavalos, quase todos velhos. Degrau a degrau foi subindo e hoje tem uma quadra de 14. “Vou dando os passos à medida das pernas, porque um passo em falso pode deitar tudo a perder”, sublinha. O gosto pela tauromaquia vem de pequeno porque em casa já se respirava festa brava. O pai foi cavaleiro. Em criança, “quando os outros miúdos corriam eu galopava imitando os cavalos”. Começou a montar aos seis anos e aos oito começou a treinar com vacas. Cinco anos depois apresentou-se pela primeira vez numa praça de toiros, na da sua terra, numa novilhada. A prova de praticante tirou-a em 10 de Abril de 2005 na praça de Azambuja. A alternativa gostava que fosse em Santarém pela imponência da praça e por ter sido a cidade onde passou parte da vida a estudar, ou então na mais importante do país, a do Campo Pequeno, em Lisboa. As primeiras técnicas aprendeu-as com o pai. Depois foi conhecendo outros artistas da festa em Portugal e no país vizinho. Teve lições com João Moura, a quem chama de “génio” da tauromaquia lusa, e diz que aprendeu técnicas diferentes mais ao estilo espanhol com António Domecq. Na quinta da Padilha, num terreno às portas da cidade onde as vinhas contrastam com os prédios de uma urbanização a meia centena de metros, treina para os desafios que se avizinham. Já tem corridas marcadas para Espanha e em Julho vai à Ilha Terceira, nos Açores, tentar dar espectáculo na corrida do emigrante.Em média, o cavaleiro de Almeirim, que passa os dias com os cavalos, a tratar deles e a montá-los na praça que tem em casa perante um toiro domesticado, faz 40 corridas por época. Dez delas são em Portugal. A corrida de O MIRANTE é uma oportunidade do jovem toureiro mostrar o seu empenho e dedicação ao público que o conhece. No ano passado tinha actuado na monumental de Almeirim e este ano, diz, “as pessoas estão à espera de ver o mesmo António ou ainda melhor. Por isso vou esforçar-me ao máximo” para não defraudar as expectativas. António vive da tauromaquia e diz que tem que gerir muito bem o que vai ganhando. No ano passado teve que vender dois dos melhores cavalos a João Moura para fazer face às despesas de uma actividade cara. Em Espanha tem somado boas actuações, triunfos. No seu país também tem corridas que o marcaram, como as três em que participou numa feira em Idanha-a-Nova onde arrebatou o prémio de triunfador. A grande corrida O MIRANTE, que este ano se realiza na monumental de Almeirim, dia 1 de Junho às 17h30, junta os cavaleiros António D’Almeida, João Salgueiro e António Telles. Os toiros são da ganadaria José Luís Vasconcellos e Souza D’Andrade. Em praça vão estar os três mais importantes grupos de forcados da actualidade, os Amadores de Santarém, os de Vila Franca e os do Aposento da Moita. O espectáculo tem preços populares entre os 5 e os 20 euros. Às 11h30, há uma largada de bezerras para os mais novos se divertirem. O MIRANTE oferece bilhetes até dia 30 de Maio para todos os assinantes que façam ou renovem a sua assinatura até 2009.