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Espantar a solidão com um passo de dança

Espantar a solidão com um passo de dança

Centenas de idosos na Festa da Flor na Póvoa de Santa Iria

A Festa da Flor que leva centenas de seniores ao Palácio da Quinta da Piedade, na Póvoa de Santa Iria, é motivo para passar um dia animado e espantar o fantasma da solidão.

Alinhados em várias filas, alunos e alunas seguem atentamente as indicações do professor de ginástica. Ao som da música ritmada os participantes vão fazendo exercício físico. Peito para fora, barriga para dentro. A destreza não é a mesma de quando se tinha 20 anos, mas a força de vontade é enorme. A vivacidade ajuda a encarar com leveza um passo errado. Debaixo do toldo de pano branco, à espera do almoço, estão aqueles que não podem dançar mas que vibram com a música que ecoa pelo altifalante.Piedade Esteves, 70 anos, é uma das mais animadas. Pertence ao grupo de centenas de idosos que vieram de várias instituições de solidariedade social do concelho de Vila Franca de Xira para participar na tradicional Festa da Flor que decorreu nos jardins do Palácio da Quinta da Piedade, em Póvoa de Santa Iria durante o dia de quarta-feira, 14.O objectivo da festa é proporcionar um dia diferente àqueles que estão na fase mais madura da vida. “Esta festa deveria acontecer mais vezes durante o ano. Aqui esquecemos os problemas e as tristezas da vida. Não estamos sozinhos e sentimo-nos úteis”, explica Maria Ermelinda, 76 anos.Milhares de flores, todas feitas de papel, enfeitam os jardins do Palácio. Algumas senhoras distribuem pequenas flores que colocam na roupa dos convidados. A aula de ginástica termina mesmo em cima da hora de almoço. O convidado especial da 15ª edição da Festa da Flor foi o actor João de Carvalho, filho do não menos conhecido Ruy de Carvalho, que veio no lugar do pai e fez questão de assistir ao tradicional desfile de marchas. “O meu pai não pôde aceitar o convite porque já tinha compromissos profissionais. Mas, avisou-me para me comportar como deve ser”, conta, provocando a gargalhada geral.Vários arcos de diversas cores, construídos em papel, desfilaram pelos jardins sob o olhar atento de todos os convidados. O arco em forma de coração vermelho chamou a atenção de todos. Esta é uma festa que leva alguns meses a preparar. No final do ano já os elementos das várias instituições de solidariedade social em que estão inseridos começam a construir os arcos. Nada pode falhar.Piedade Esteves pertence à Associação Promotora de Apoio à Terceira Idade, de Castanheira do Ribatejo e já participa na Festa da Flor há cerca de cinco anos. A antiga ajudante de cozinha adora dançar por isso está sempre na primeira fila das aulas de ginástica. Para ela, a Festa da Flor é isso mesmo, uma festa. “Onde há alegria e animação eu vou. Apesar da idade tenho um espírito muito jovem e acho que temos que aproveitar a vida enquanto podemos. Lá por já não termos idade para trabalhar não quer dizer que estejamos mortos. Muito pelo contrário. É agora, que temos tempo e disponibilidade, que temos que aproveitar para nos divertirmos”, realça.Abrigadas da chuva que vai caindo de vez em quando, Clariana Dias e Filomena Ferreira dançam ao som de “Eu tenho dois amores” de Marco Paulo. É a primeira vez que Clariana, 86 anos, e Filomena, 61 anos, participam na Festa da Flor. “Não imaginava que esta festa pudesse ser assim tão animada. É uma alegria constante e passamos um dia diferente. Ajuda a esquecer os problemas do dia-a-dia e afasta a tristeza e a solidão”, revela a anciã.
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