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Repensar Santarém

Repensar Santarém

Apesar de todo o desenvolvimento e saber acumulados, descobrimos ora que, capazes de muito, nem por isso somos capazes de tudo. Eu explico: descobrimos o quão dependente estamos da agricultura que, muito embora relegada para segundo plano, ressuscitou como bem essencial neste nosso mundo onde o espectro da fome, esquecido há muito nos países ditos desenvolvidos ou industrializados, regressou; descobrimos igualmente a necessidade premente de aumentar a produção agrícola, cada vez mais valorizada nos mercados internacionais; e conhecemos a feição agrícola do nosso país e, em especial, da nossa região, facto que, por si só, deixava intuir um futuro risonho ao sector primário português. Todavia, confrontados com as notícias da nossa terra, a imagem transmitida é contrária: os agricultores portugueses sentem dificuldades crescente na lavoura cujos custos tornam incomportável a actividade. E subitamente, as nossas expectativas esvaem-se sem que se consiga perceber as razões porque, num mundo carente de produção agrícola, os agricultores nacionais não têm estímulo para produzir.Esta situação, se comum ao panorama agrícola português, coloca-se com maior acuidade quando considerado o Ribatejo, região do país de grande fertilidade agrícola (assim nos persuadiram!); solo fértil, abundância de água, clima favorável ao azeite, ao arroz, ao cereal, ao vinho, às culturas arvenses e hortícolas de uma forma geral. E a menos que tais condições se tenham alterado substancialmente, não compreendemos os motivos da decadência gradual da lavoura ribatejana. Relembro o dinamismo de outros tempos como, por exemplo, do início do século passado, e o grande protagonismo da então Escola de Agricultura, como pólo de investigação e recolha de conhecimentos com posterior difusão entre os agricultores sobre as técnicas de cultivo e as culturas mais apropriadas ao solo e ao clima. Fica-me a dúvida se não seria esta uma das valência que nos falta, a orientação de quem sabe, a par do capital para investir, e um Estado favorável ao desenvolvimento, acertivo na integração das produções e dos produtores no mercado, hoje segundo julgo, controlado pelos canais de distribuição que, sem grande proveito aos consumidores, não faculta possibilidades de expansão à agricultura, hoje tão necessária.Os momentos de crise, se mais nenhuma virtualidade apresentam, têm o condão de nos fazer repensar a realidade e de a ajustar a novas necessidades e circunstâncias. E o cenário actual, perdoem-me a imodéstia, julgo ser de feição ao desenvolvimento da nossa cidade, através da optimização dos recursos naturais de que dispomos, do mais próspero que o país apresenta. Mal de nós se não o soubermos aproveitar...A. Pena Monteiro
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