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Ferrar um animal é atribuir um bilhete de identidade

Ferrar um animal é atribuir um bilhete de identidade

Tradição campestre foi recriada na 40ª edição da Sardinha Assada de Benavente

A recriação da ferra decorreu da forma como tradicionalmente é feita no campo.A ferra é como o bilhete de identidade de um animal. Os ferros vão marcar os números e as letras referentes à idade, ao ano, ao número e à ganadaria.

Os mais novos juntam-se em frente ao recinto construído propositadamente para o espectáculo. Conversam e trocam tácticas e técnicas de como enfrentar os bezerros quando chegar a hora. Os mais pequenos não escondem a ansiedade por estarem, pela primeira vez, num contacto mais directo com os animais.A noite fresca só manchada pela presença dos mosquitos que se concentram junto à zona ribeirinha de Benavente, mas que não afastaram as centenas de pessoas que na quinta-feira, 26 de Junho, assistiam à recriação de uma ferra como se faz tradicionalmente no campo. O espectáculo que se realiza pelo segundo ano consecutivo está integrado na Festa da Sardinha Assada que este ano assinala a 40ª edição.Assim que chega a carrinha que transporta os animais os sardinheiros da comissão de festas deste ano fazem a fogueira onde aquecem os ferros com a marca da ganadaria até ficarem em brasa.Mesmo com o atraso de mais de uma hora o público não esmorece mas vai ficando ansioso com a demora. Os assobios que se vão ouvindo denunciam a impaciência. O lançamento do foguete no ar anuncia o início da recriação da ferra. O bezerro sai da carrinha de transporte de animais e entra directamente no recinto. Vários jovens tentam imobilizá-lo. Pendurados nas tranqueiras os elementos o público divertem-se com o espectáculo.Assim que o animal é preso com cordas à volta das patas entra em campo o ferrador. O ferro em brasa. Nesta noite ferram-se meia dúzia de bezerros da ganadaria José Luís Pereira Dias. O mugido prolongado do animal e o fumo que emana da coxa direita do bicho demonstram a dor sentida. O ferro da ganadaria fica marcado. De seguida coloca-se novo ferro desta vez correspondente à sua idade. Junto ao pescoço do animal. Em breve a ferida está sarada e o animal já está identificado.“A ferra é como o bilhete de identidade de um animal. Os ferros vão marcar os números e as letras referentes à idade, ao ano, ao número e à ganadaria. Mesmo que um animal seja vendido o ferro é sempre o mesmo, o dono é que passa a ser outro”, explica António Vasco, cabo do grupo de forcados amadores de Benavente, participante e um dos organizadores da Ferra.A ferra realiza-se habitualmente nesta época do ano. Os animais nascem em meados de Dezembro e Janeiro e em Junho é feito o desmame das crias. É nesta altura, em que os animais transitam para a fase adulta, que se procede à ferra. “Diariamente podem ser ferrados cerca de meia centena de animais. Depois da ferra o animal passa a ter a sua própria identidade”, refere António Vasco.O espectáculo não defraudou as expectativas e o público ficou até ao fim para ver um ritual que habitualmente tem possibilidade de assistir quem anda diariamente no campo.
Ferrar um animal é atribuir um bilhete de identidade

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