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Doentes sem médico de família obrigados a ir às urgências

Doentes sem médico de família obrigados a ir às urgências

Saída de Santos Gonçalves afecta cerca de dois mil utentes

Enquanto não for colocado um substituto, os doentes recorrem ao hospital de Vila Franca e contribuem para a saturação das urgências que se agrava em período de férias.

Orlando Hortelão sofre da coluna e recorre com frequência ao centro de saúde de Samora Correia para aliviar o sofrimento causado pelas dores provocadas por hérnias discais que o deixam sem conseguir andar. Orlando é um dos quase dois mil utentes que estão sem médico de família e sempre que a dor se agudiza, tem de pedir a alguém que o leve às urgências a Benavente ou Vila Franca de Xira. “Nos últimos quinze dias tive de ir três vezes ao SAP de Benavente e ao hospital, quando aqui resolviam o meu problema com um atendimento impecável”, explica o doente que não se conforma com a falta de solução por parte dos responsáveis.O MIRANTE sabe que, depois da recusa do médico Santos Gonçalves de integrar a Unidade de Saúde Familiar de Samora Correia (USFSC), foram feitas várias tentativas para encontrar um médico disponível, mas ninguém assumiu o lugar. Segundo Santos Gonçalves, integrar o projecto neste modelo representava uma perda de 50 por cento no seu vencimento e não era aliciante. “Sempre lutei para ser primeiro médico e depois funcionário público. Agora é-me imposto o contrário”, refere o médico numa carta aberta aos utentes onde justifica a sua decisão. No dia 16 de Junho, o médico foi transferido para o posto de saúde do Porto Alto e surgiram os primeiros sinais de descontentamento por causa da obrigação dos doentes se deslocarem “quando têm uma unidade de saúde com melhores condições perto do local onde vivem”. Mas o pior estava para vir. Insatisfeito com o modelo de funcionamento, o clínico decide pedir a aposentação antecipada e entra em gozo de férias. Os doentes ficaram sem assistência e têm de se deslocar às urgências a Benavente ou Vila Franca, mesmo que tenham uma situação mais simples e que seria facilmente resolvida em Samora Correia. “Já passei seis horas no Hospital de Vila Franca a acompanhar a minha mãe que sofre do coração, quando antes lhe resolviam o problema aqui”, refere Inês Sousa.Dezenas de utentes, que habitualmente procuravam apoio na unidade de saúde de Samora têm recorrido ao hospital de Vila Franca. “Sei que estamos a contribuir para agravar ainda mais esta situação, mas não temos alternativa. Muitos dos doentes que aqui vêm podiam ser atendidos em Samora Correia”, adianta Luísa Cunha que acompanha um familiar no banco das urgências em Vila Franca. Doentes crónicos e idosos têm médico de substituiçãoPara minimizar o problema e resolver os casos mais complicados, os responsáveis pela Unidade de Saúde Familiar de Samora Correia criaram uma excepção para doentes com doença crónica, casos clínicos graves e utentes com mais de 65 anos que podem solicitar a distribuição pelos médicos que integram o novo modelo de funcionamento. Neste momento, mais de 300 doentes que reúnem as condições, já solicitaram a atribuição de um novo médico de família e levaram consigo os restantes elementos dos seus agregados familiares.Entretanto, dezenas de pessoas estão a organizar-se num movimento para reclamar uma solução rápida. O grupo liderado por Eugénia Canudo já estabeleceu contactos com o Ministério da Saúde, Câmara Municipal de Benavente e Junta de Freguesia de Samora Correia. Um grupo de eleitos reuniu com a direcção do Centro de Saúde de Benavente, responsável por todas as unidades do concelho, para procurar uma solução e manifestar solidariedade com os doentes afectados.O MIRANTE tentou obter esclarecimentos sobre a reunião junto da directora do centro de Saúde, mas Julieta Gaspar esteve ausente nos últimos dias.
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