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Encerramento da unidade de surdos de São Domingos gera preocupação

Encerramento da unidade de surdos de São Domingos gera preocupação

Pais vão ter que enviar os filhos para escolas a mais de 50 quilómetros de distância

Os pais das oito crianças com deficiência que frequentam a escola de S. Domingos dizem que ao encerrarem o serviço estão a brincar com os sentimentos das famílias e das crianças. Ver Vídeo em: http://www.omirante.pt/omirantetv/noticia.asp?idgrupo=2&IdEdicao=51&idSeccao=514&id=22950&Action=noticia

Com o encerramento da unidade de surdos da escola de S. Domingos, em Santarém, o único filho de Fernando e Sílvia Vitorino vai ter que frequentar uma escola de Riachos, concelho de Torres Novas. Rodrigo, de oito anos, terá que ir de táxi da Póvoa da Isenta, onde a família reside, todos os dias para Riachos, numa distância de cerca de 50 quilómetros. A situação acarreta um esforço ainda maior dos pais que por vezes têm que ir buscar o filho à escola para ir a consultas em Lisboa. A prevista mudança, que o Ministério da Educação ainda não assumiu oficialmente, vai ter também implicações emocionais nas crianças, diz Sílvia Vitorino que é também a representante dos pais. E não é só o transporte, pago pelo Ministério da Educação, que vai alterar os hábitos da família. “Trabalhamos os dois, e com o nosso filho a uma distância tão grande vai ser mais difícil fazer um acompanhamento próximo como até agora”, realça Sílvia Vitorino, acrescentando que a mudança vai também acabar com uma ligação a professores e colegas que já vem de há anos. “O dinheiro que se vai gastar no táxi é cerca do dobro do valor dos recursos existentes na escola de S. Domingos”, desabafa a mãe. Isabel Santos mora em Pontével (Cartaxo) e levanta-se às 07h30 para preparar o filho de dez anos para estar na escola de S. Domingos às 09h00. Se as oito crianças que frequentam a unidade de apoio à educação de alunos no estabelecimento de ensino tiverem que ir para Riachos ou Vila Franca de Xira, a outra escola de referência indicada pela Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL) que fica mais próxima, Isabel vai ter que começar a acordar às 6 da manhã para meter o filho no táxi com destino a Riachos.“Estão a brincar com os nossos sentimentos e os das crianças. O meu filho tem muitas dificuldades, com dez anos não se veste sozinho, não consegue escrever, não conhece as letras nem os números e se ele sai desta escola para uma onde não tem qualquer ligação as coisas podem piorar”, desabafa Isabel Santos. Os pais já fizeram a inscrição dos seus filhos para o próximo ano lectivo na Escola de S. Domingos, apesar da indicação da DREL de que a escola de Santarém vai fechar. Os pais garantem que apenas foram informados das alterações previstas, mas que ninguém dá qualquer garantia. Salientam que da parte da DREL a resposta que obtêm é de que vão ter mais indicações, mas ninguém sabe quando. O agrupamento de escolas Alexandre Herculano também não tem muito mais informações. A nova legislação sobre ensino especial prevê a criação de uma rede de escolas de referência para o ensino bilingue (português e linguagem gestual) de alunos surdos, sendo que no distrito de Santarém esse tipo de ensino poderá ficar centralizado apenas em Riachos (Torres Novas). A outra unidade mais próxima é em Vila Franca de Xira, já no distrito de Lisboa.Fonte da DREL confirmou a O MIRANTE essa situação e adiantou ainda que está igualmente previsto que as unidades para alunos invisuais na Lezíria do Tejo devem, “em princípio”, ficar sedeadas em Santarém (agrupamento de escolas D. João II e Escola Secundária Ginestal Machado) e em Benavente (agrupamento de escolas Duarte Lopes). A intenção é concentrar recursos e prestar um melhor serviço, tendo até em conta que há algumas dificuldades em arranjar professores especializados nessas áreas.A situação motivou já uma pergunta ao Governo por parte da deputada independente Luísa Mesquita, onde pede para ser informada com urgência se as oito crianças que frequentam a unidade de São Domingos vão poder continuar a usufruir desse equipamento especializado e respectivos recursos humanos. A parlamentar visitou sexta-feira a escola para se inteirar das preocupações dos pais e levou também o assunto à reunião do executivo de segunda-feira, onde todo o executivo se manifestou contra o encerramento dessa unidade e decidiu pedir esclarecimentos ao Ministério da Educação sobre o assunto.
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