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Já pouca gente tem paciência para andar na apanha

Já pouca gente tem paciência para andar na apanha

José Gomes é dos poucos apanhadores de caracóis que ainda resiste à invasão dos moluscos criados em viveiro. Hoje nem todos estão para andar horas pelos campos para ganharem cerca de três euros por cada quilo do petisco servido às mesas dos cafés e restaurantes por um preço muito superior. É preciso paciência e tempo. Começou a apanhar caracóis aos sete anos. E desde essa altura que segue o ritual de só apanhar os “vagarosos” a partir das seis da tarde. É quando estão mais secos porque de manhã estão mais “ranhosos” e depois têm que ficar dentro de redes alguns dias para secarem. José Gomes explica que os que andam nas searas de trigo, centeio, nos favais são maiores que os que estão nas ervas. Os melhores, mais saborosos, são os “riscadinhos”, em tons de castanho claro e mais achatados. Há ainda os “pequeninos” de cor branca e a caracoleta que é a maior e é vendida a 3,5 euros o quilo. É nos campos da Moçarria, freguesia do concelho de Santarém, onde reside, que o reformado, de 69 anos, pratica a actividade onde se iniciou pela mão do pai. A época da apanha começa a meio de Junho, quando os moluscos já têm a casca dura, e prolonga-se até Agosto. Mas o trabalho do apanhador começa nos meses anteriores percorrendo os campos para ver onde é que eles estão, assinala-se os locais e acompanha-se o crescimento, porque os que são muito pequenos não têm valor comercial. Em três horas, José Gomes chega a apanhar cinco quilos de caracóis. Mas já teve alturas em que levou para casa 14 quilos. A mercadoria é vendida aos cafés da zona, a pessoas que lhe encomendam ou a intermediários que aparecem de vez em quando. O dinheiro que ganha com o trabalho que encara como um passatempo é gasto a beber uns copos. Quem o conhece sabe que além de apanhador é também um artista a cozinhar os caracóis e um grande apreciador sobretudo de caracoletas guisadas com batatas. “É um petisco com muitas vitaminas”, garante, acrescentando que o caracol até tem propriedades de curar maleitas como furúnculos e calos. “O meu pai quando tinha calos esborrachava um caracol no local afectado e ao fim de um dia o problema estava resolvido”, conclui.
Já pouca gente tem paciência para andar na apanha

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