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Olha o caracol cozido, estufado, grelhado ou de caldeirada

Segundo festival encheu Alcanena de aromas gastronómicos e de visitantes
O cheiro aromático não engana. Paella de caracóis, caracoleta grelhada, caracoleta de cebolada, caracóis com feijão branco, pataniscas de caracol foram apenas alguns dos pratos disponíveis para consumo no Festival Gastronómico do Caracol de Alcanena, que a Associação Juventude Amizade e Convívio (JAC) promoveu, pelo segundo ano consecutivo. No interior do pavilhão Multiusos de Alcanena, cedido pela câmara municipal, as mesas estão dispostas para acolher os visitantes, que chegam um pouco de toda a região. As pessoas sentam-se e são atendidas, como num restaurante. Os pratos são confeccionados na hora, num espaço dentro do pavilhão reservado para a cozinha. No exterior, o grelhador está repleto de caracoletas a assar em braseiro brando. Para acompanhar o petisco, há várias bebidas à disposição mas, garante quem está de serviço que “a loira” é a bebida que tem mais saída. Os preços variam entre os 3 euros (prato de caracóis pequeno) e os 20 euros (paella de caracóis para 4 pessoas).Feijoada de caracóis é a especialidade do cozinheiro de serviço, António José Machado da Silva, 51 anos, mentor do Festival do Caracol. “Tira-se o caracol da casca, lava-se bem e refoga-se em cebola, alho e azeite. Junta-se o feijão branco, a batata e um bom naco de chouriço. Quem prova diz que é de comer e chorar por mais”, explica. Residente numa zona onde há muito caracol, foi ele quem se lembrou de sugerir a organização do evento numa reunião da JAC, onde ocupa o lugar de vogal de direcção. Primeiro acharam que ia dar muito trabalho. Mas depois puseram mãos à obra e concretizaram a ideia. A adesão do público foi tão grande – cerca de mil pessoas em três dias - que este ano resolveram repetir a iniciativa apresentando uma maior variedade de pratos gastronómicos. O objectivo passa por angariar fundos para as actividades da Colectividade que mantém portas abertas há 40 anos na vila. Contrariamente ao que se possa pensar, não foram os membros da associação que apanharam os caracóis para o Festival. Foram comprados a um fornecedor de Almeirim. As normas da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) assim o ditam. De touca branca na cabeça, Maria Antónia Mota, 81 anos, dá uma preciosa ajuda na cozinha. Desde muito nova que se lembra de andar na apanha do caracol. “Na minha vida já apanhei muitos caracóis para dar de comer ao meu marido e oito filhos”, relembra. Especialista na arte da culinária, explica que os caracóis são temperados com cebola, alho, louro, malva e pimenta. O gosto do gastropede tem que ser bem apurado para ser apreciado. Há quem goste do simples caracol miúdo mas há quem prefira pratos mais requintados. “Provámos os caracóis miúdos, as pataniscas e ainda vamos provar as caracoletas assadas”, diz Manuel Correia, que veio de Lisboa de propósito para a ocasião, acompanhado por dois amigos. Apreciador de pratos confeccionados com caracóis, garante que vai continuar a dar um pulo até Alcanena sempre que o festival tiver lugar. Também Pedro Ribeiro, 32 anos, veio de Tomar e não resistiu a provar uma patanisca de caracol. Deliciosa, garante. A organização reconhece que para animar o Festival do Caracol de Alcanena f alta a componente musical, como espectáculos de karaoke ou música ao vivo. O facto de não poderem trabalhar com “a prata da casa”, uma vez que a colectividade está mais direccionada para o desporto, como andebol feminino e natação, levou a JAC, com poucos recursos económicos, a abdicar desta vertente. Uma situação que pretendem corrigir em futuras edições do Festival do Caracol para atrair cada vez mais público.

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