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Foi uma “barbaridade” a forma como as crianças de Foros foram retiradas aos pais

Dulce Ortiz a advogada que representa a família de Foros de Salvaterra critica Comissão de Protecção de Menores

“Ao serem levadas a meio da noite as crianças ficaram, com certeza, traumatizadas para o resto da vida. A CPCJ poderia ter retirado as crianças mas podia tê-lo feito de manhã”.

Dulce Ortiz, advogada de defesa de Marília Batista e Joaquim Manuel, a quem a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Salvaterra de Magos retirou os três filhos menores na madrugada de 20 de Junho, afirma que o caso dos seus clientes foi muito mal conduzido desde o início.“A maneira como a medida foi executada foi uma barbaridade. Ao serem levadas a meio da noite as crianças ficaram, com certeza, traumatizadas para o resto da vida. A CPCJ poderia ter retirado as crianças mas podia tê-lo feito de manhã. Seria muito menos violento. Além disso, não saberem para onde levaram os seus filhos é uma ofensa ao seu direito de pais”, acusa.A advogada afirma que os seus clientes foram muito mal atendidos logo no primeiro encontro com o procurador do Tribunal de Menores de Vila Franca de Xira que, segundo contou a O MIRANTE, ao invés de ter ajudado e encaminhado da melhor forma possível os seus clientes dificultou-lhes a informação.“No mínimo deveria explicar-lhes que poderiam ter direito a um advogado oficioso. Pelo menos é o que costuma acontecer”, explica a advogada acrescentando que o dinheiro a receber pelos serviços prestados é a última coisa que o casal de Foros de Salvaterra tem com que se preocupar. “Não seria a primeira vez que iria trabalhar por solidariedade e procura de justiça”.Dulce Ortiz é membro da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos. Como tal foi nomeada, como independente pela CDU, para pertencer à CPCJ local. Na sua opinião há qualquer coisa muito estranha na Comissão de Menores de Salvaterra. E por isso, justifica, não tem comparecido a todas as reuniões.A advogada sabe, no entanto, que depois da publicação deste caso nos órgãos de comunicação social, nomeadamente em O MIRANTE, houve uma reunião na Comissão em que foi discutida a situação e onde as técnicas explicaram que retiraram as crianças aos pais uma vez que estas não tomavam banho e comiam apenas uma vez por dia. O que, segundo a advogada e várias testemunhas, não é verdade.“Numa situação de risco iminente, no caso de violação, violência doméstica ou loucura podem levar-se as crianças em risco debaixo de protecção policial. Mas este não era o caso. A família é toda muito unida, os vizinhos só dizem bem dos pais e os professores das crianças explicam que nunca detectaram nada de estranho e anormal. Dizem inclusive que são pacatos e não andam sujos”, refere, acrescentando ainda que o único problema é o facto de serem pobres mas isso não significa que não tenham condições para terem os filhos consigo.Dulce Ortiz afirmou a O MIRANTE que não tem grande vontade em continuar ligada à CPCJ de Salvaterra de Magos. “Acho que é uma comissão que tem um papel inócuo. Não há ninguém que a tutele neste momento”, conclui.Recorde-se que como O MIRANTE noticiou na edição de 3 de Julho, o tribunal de Vila Franca de Xira enviou uma carta, na quinta-feira, 26 de Junho, onde ordena que o casal se deve apresentar ao juiz no próximo dia 28 para ouvirem a explicação sobre a situação dos seus filhos e conhecerem uma decisão. Trinta e oito dias depois de terem “perdido” os seus filhos que lhes foram retirados, às duas horas da madrugada, debaixo de um aparato policial que envolveu cerca de uma dezena de agentes policiais.

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