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Projecções voltaram ao Olímpia Cinema trinta anos depois

Projecções voltaram ao Olímpia Cinema trinta anos depois

Velha sala de cinema de Riachos reabriu simbolicamente na Festa da Bênção do Gado

Não se prevêem outras iniciativas nos tempos mais próximos para o Olímpia. Mas o imóvel encontra-se à venda para quem esteja interessado em ressuscitar a velhinha sala de cinema.

Poeirada por todo o lado, um cheiro bafiento que parece impregnar-se na pele, um calor insuportável e cerca de cinquenta pessoas “confortavelmente” instaladas em cadeiras de madeira e ferro a olhar para uma tela de reduzidas dimensões, amarelecida com o passar dos anos. A reabertura simbólica do cinema Olímpia em Riachos, no concelho de Torres Novas, na tarde da passada segunda-feira, 21 de Julho, serviu para provar que, em tempos idos, as pessoas tinham que se sujeitar a condições adversas para poderem disfrutar de um momento de lazer cinematográfico.O momento era aguardado com bastante expectiva. Depois de mais de trinta anos com as portas encerradas, o Olímpia Cinema regressou ao activo para a exibição de documentários e curtas metragens realizados por jovens cineastas da vila. A sala reabriu por volta das 18h30, apenas para este evento, integrado na Festa da Benção do Gado 2008 mas serviu para reavivar memórias antigas. José Simões, riachense de 67 anos, era um dos mais entusiatas. Em pequeno assistiu à remodelação deste cinema que exibiu filmes na vila durante 35 anos. Ir ao cinema era, à época, um acontecimento marcante. Era quase sempre depois da missa que o padre distribuía os ingressos. “Foi o Castello Lopes, que era aqui dos Riachos, que se lembrou de abrir na vila o cinema. Éramos uns priveligiados porque víamos os filmes quase sempre perto das estreias”, recorda. Entrar na sala do velhinho Olímpia é também, um pouco, como entrar num filme antigo, onde a cor está ausente. As cadeiras são de um estilo clássico, de madeira com aplicações de ferro, as paredes estão caiadas a branco e a tela amarelecida com o passar dos anos. A partir do primeiro balcão, onde se sente o pé em ramo verde, projecta-se a película. Na sala, sem o conforto do ar condicionado, a temperatura é bastante elevada. A organização, cheia de boa vontade, tenta combater a situação oferecendo garrafas de água. Não há janelas, nem ventilação para o exterior. No pátio encontra-se a bilheteira.A iniciativa desta segunda-feira começou com a projecção da demolição da Igreja Velha, em 1965, e das festas da Bênção do Gado de 1966 e de 2004. “Água Nossa” (Raquel Carrilho), “Por uma mão cheia” (Mariana Castro) e “Manhã de Novembro, de 1981”, foram algumas das películas exibidas em seguida e que mereceram o aplauso dos presentes. Uma forma da organização do evento mostrar a qualidade dos trabalhos cinematográficos dos jovens riachenses. “Achamos que a Festa da Benção do Gado devia divulgar não só quem dança, canta ou faz música mas quem também faça outro tipo de trabalhos artísticos como é o caso do cinema”, explica José Tomé, da organização. Sendo esta reabertura um acto simbólico e isolado, não se prevêem outras iniciativas nos tempos mais próximos para o Olímpia. Mas o imóvel encontra-se à venda para quem esteja interessado em “ressuscitar” a velhinha sala de cinema.
Projecções voltaram ao Olímpia Cinema trinta anos depois

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