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Depois de alguns minutos de conversa e de olhares de soslaio

Depois de alguns minutos de conversa e de olhares de soslaio, Lucinda Constantino deixa escapar um sorriso quase forçado. A pele queimada pela torreira do sol anuncia uma velhice prematura. Aos 46 anos, não são precisas muitas palavras para se perceber que desde muito nova integrou os ranchos de mulheres que se atiram ao trabalho com unhas e dentes para extrair o sustento da fértil terra ribatejana. A sua actual condição de patroa não a inibe de alinhar ao lado das outras quatro mulheres a labutar de igual para igual. Dizem os antigos que um bom chefe deve dar o exemplo e Lucinda fá-lo sem rebuços. Dizem as outras companheiras que “ a patroa é boa” e que lá nisso não têm razão de queixa. A água fresca no garrafão nunca acaba, condição obrigatória para se aguentar o calor estival e se possam retemperar forças nas breves pausas para refrescar a garganta. O intervalo para o almoço, com a duração de uma hora, está quase a terminar. Os tórridos 39 graus centígrados não impedem que o trabalho continue. Há que enfrentar mais quatro horas a arrancar as ervas que nascem junto aos tomateiros com nomes tão metafóricos como “figueiras do inferno”. O traje que a trabalhadora enverga não tem marca de alta costura e tem forte sentido prático. Calças confortáveis de algodão, camisa de manga comprida que não seja muito quente, bata com bolsos para guardar o telemóvel e tesoura de podar e chapéu de palha representam no seu conjunto modelos pensados ao pormenor. Quem os enverga desfila nas passareles da vida com o encanto que as supermodelos que vemos na televisão não conseguem ter. Porque ali é tudo muito mais genuíno. Muito mais terra a terra… Célia MarquesVer Video: http://www.omirante.pt/omirantetv/noticia.asp?idgrupo=2&IdEdicao=51&idSeccao=514&id=23147&Action=noticia

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