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Os prós e os contras de trabalhar em Lisboa e viver nos arredores

A família Borges de Alhandra paga a vista para o Tejo mergulhando nas filas de trânsito
Levantam-se todos os dias antes do sol nascer. Às 5h40 da manhã. Acordam tão cedo porque vivem em Alhandra (Vila Franca de Xira) e trabalham em Lisboa. Entram ao serviço às 7h30. Vera e João Borges são casados e trabalham ambos no Aeroporto de Lisboa. São técnicos de manutenção de aeronaves.João trabalha por turnos. Vera, desde que a filha Joana nasceu, passou para o sector de manutenção de componentes de aviões para ter um horário flexível. Situação que lhe permite gerir melhor o dia-a-dia da família Borges. A menina tem agora cinco anos.Assim que o casal se levanta trata da sua higiene diária e quando já têm tudo organizado acorda a filha. Joana é uma criança bem disposta e não faz drama para se levantar. “Quando a acordamos gosta de ficar uns minutos nos miminhos enquanto vai abrindo os olhos aos poucos. Depois levanta-se e vai em direcção à casa-de-banho tomar banho e lavar os dentes”, conta a mãe sob o olhar envergonhado da menina.Como João trabalha por turnos nem sempre têm os mesmos horários. Quando o marido entra mais tarde, Vera toma o pequeno-almoço mais cedo e vai directamente para o emprego. Nesses períodos, afirmam que, os gastos são maiores uma vez que são obrigados a levar os dois automóveis para o mesmo local. João aproveita o facto de entrar mais tarde para ficar um pouco mais com a filha antes de levá-la ao Centro de Bem-Estar Infantil (CEBEI) de Vila Franca.Desde que Joana nasceu que as rotinas do casal se alteraram. De manhã não podem ficar tanto tempo na cama como gostariam. Já estão habituados a acordar ainda de noite mas, confessam que, quando chega a meio da semana o corpo ressente-se do cansaço. Além disso, não têm tanto tempo para as actividades físicas como quando eram só os dois. Mas a presença da filha e a sua enorme energia compensa o pouco tempo que têm para descansar.Desde o levantar até à saída de casa a família Borges demora aproximadamente uma hora e meia. Depois de deixarem a filha no infantário apanham a A1 em Vila Franca. Consideram uma vantagem o facto de começarem a trabalhar tão cedo. Não apanham tanto trânsito e em meia hora conseguem chegar ao aeroporto.O pior é mesmo o regresso a casa. Para poupar na portagem utilizam a estrada nacional 10 até Vila Franca onde vão buscar a filha ao infantário. “Demoramos muito mais tempo de Alverca a Vila Franca pela estrada nacional. É um percurso caótico. Desde que a Joana nasceu que utilizamos a estrada nacional no regresso mas é bem mais cansativo”, afirmam, acrescentando ainda que aproveitam o tempo que passam no trânsito para conversar sobre assuntos que não têm tempo de falar durante o dia.O casal sente-se privilegiado por, ao contrário da grande maioria das pessoas que vive nos “subúrbios” de Lisboa e se desloca todos os dias para a capital para trabalhar, não ter que se deslocar até ao centro da cidade. “É muito complicado quando precisamos de ir ao centro de Lisboa. Nessas alturas, optamos sempre por ir de metro. O trânsito de Lisboa é horrível. Apesar da confusão utilizar o metropolitano é muito rápido.”, explica.Vera Borges afirma que é muito mais prático utilizar o automóvel na zona onde trabalham uma vez que não existe metro na área do aeroporto. Recentemente teve uma avaria no carro e teve que utilizar transportes públicos para ir para o trabalho. Confessa não ter saudades da experiência. “Demorava uma hora e meia num percurso que faço habitualmente em trinta minutos. Apanhava o comboio até ao Oriente e depois tinha que esperar pelo autocarro que leva os passageiros até ao aeroporto. No regresso a casa era ainda mais cansativo”, recorda.Apesar do esforço adicional que fazem pelo facto de viverem a 40 quilómetros do local de trabalho, o casal Borges garante que não troca Alhandra por Lisboa. Quando O MIRANTE pergunta porquê, Joana afirma rapidamente. “Por causa do rio”. Vera abre a cortina da janela da cozinha enquanto mostra a vista sobre o Tejo. “Vemos o sol nascer todos os dias. É algo maravilhoso do qual não prescindimos”, afirmam em uníssono.

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