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Lúbrico Manuel Serra d’Aire

Lúbrico Manuel Serra d’Aire

Após ter lido o teu último e-mail mais convencido fiquei que o sol quando nasce não é para todos e que, embora à partida sejamos todos filhos de Deus, há uns que são mais filhos que outros. No meu caso, diria mesmo que devo ser enteado. Muitas vezes fui eu à missa e nunca apanhei uma tia, prima ou mesmo qualquer outra matrona sem parentesco que se assemelhasse à descrição que fazes da tua tia Lurdes. Provavelmente, se isso tivesse acontecido ter-me-ia tornado um fervoroso devoto das missas dominicais, da palavra do Senhor e das curvas das senhoras. Mas não. Na missa nunca me passaram pelas narinas fragrâncias de Chanel, apenas odores a naftalina e incenso. Nunca vislumbrei decotes atrevidos nem pernas descobertas. Apenas véus sobre os rostos, terços nas mãos e vestidos escuros envergados por beatas que não inspirariam o mais leve desejo nem a um barrasco como o Zezé Camarinha. Só não digo que a tua descrição das missas com a tia Lurdes é pura ficção porque sei que não irias mangar com um assunto tão grave. Porque realmente o mamalhal da tua parente devia ser mesmo um caso sério.Neste anunciado Verão mais quente de sempre, não surpreende que a chamada estação parva, ou silly season em inglês, consiga ser ainda mais patética do que em anos anteriores. Para o que contribui inegavelmente o facto de estarmos em Portugal, país de grandes e inéditas façanhas. Manel, não sei o que pensas do caso dos talibãs da Abrançalha. Eu confesso que ainda não percebi nada. Primeiro eram seis. Depois já eram cinco. Num dia um polícia tinha sido baleado no abdómen, no dia seguinte já era numa nádega e noutro ainda já tinha sido numa virilha. Acho que alguém anda a precisar de umas aulas de anatomia, se não para saber o que é o esternocleidomastoideu, pelo menos para saber distinguir o cu das calças. A verdade é que os rapazes carinhosamente conhecidos por talibãs estão neste momento à sombra à espera de julgamento por suspeita de agressões e roubo a agentes da PSP. Isso é grave. Mas, a meu ver, de maior gravidade são outros factos de que são suspeitos, como o de andarem a importunar casais de namorados em locais recônditos. Só quem não passou já por isso é que não sabe o que custa ter de deixar o serviço a meio por causa de uns facínoras quaisquer. Se isso for provado, que a justiça tenha a mão pesada. Nunca gostei de empatas. Uma palavra ainda para a rapaziada que tem ajudado a limpar as barreiras de Santarém. Dia sim, dia não há fogo e lá vão os bombeiros com todo aquele estardalhaço estragar o que alguém anda a fazer com tanto zelo e arriscando o canastro. Se não fossem esses fogachos, Santarém já tinha sido submergida por mato, canas, silvas e afins. Finalmente surgiu alguém que se preocupa com a imagem da cidade e quer ver as barreiras bem aparadinhas, tipo barba de recruta na parada da manhã. E nem sequer cobra honorários. Ainda há gente boa neste mundo. Fogosos cumprimentos do Serafim das Neves
Lúbrico Manuel Serra d’Aire

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