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Fernando Vilão

Fernando Vilão

56 anos, técnico tributário

Nasceu a 16 de Agosto de 1951 em Vale Cavalos, Chamusca, e é lá que reside. É o Chefe do Serviço de Finanças da Chamusca desde 2005 mas já acumula experiência na área tributária há quase trinta anos. Define-se como uma pessoa simples, que lutou para mostrar o que vale.

Acabei a quarta classe e tive que ir fazer pela vida. Começei por guardar gado e, mais tarde, aprendi a arte de carpinteiro. Tive muita pena de não poder continuar a estudar. Pedi à minha mãe mas não havia mesmo possibilidade. Só retomei os estudos aos 21 anos quando fui para a tropa, em Luanda. De dia estava na tropa, à noite estudava. Quando regressei a Portugal, em Outubro de 1974, retomei a actividade de carpinteiro mas continuei a estudar para conseguir completar o antigo 7.º ano. Matemática e Físico-Química eram o meu forte. Nunca fez parte dos meus hábitos chegar tarde a qualquer compromisso. Aliás, faço questão de estar antes da hora marcada. Não há vício mais forte que a vontade do homem. Em matéria de compromissos temos que fazer por pensar que alguém está a nossa espera. Se não estiver ninguém à nossa espera quer dizer que não fazemos falta nenhuma. Não sou madrugador mas chego sempre antes das nove da manhã ao serviço. Iniciei a actividade tributária em 1982. Entrei como estagiário no Serviço de Finanças de Alpiarça, onde fiquei quase vinte anos. Estava a trabalhar há seis anos na Secretaria no Comando distrital da Polícia de Segurança Pública de Santarém quando soube que estava aberto o concurso para as Finanças. Concorri, fiz o exame e entrei a 2 de Fevereiro. Sou Chefe das Finanças da Chamusca desde Janeiro de 2005. Passei por todos os níveis até chegar a chefe de repartição. A ascensão na carreira tributária é feita através de exames escritos. Fui liquidador tributário de 1 e 2.º classe e Principal. Mas a minha grande promoção dá-se em Maio de 1999, passo a Adjunto de Chefe de Finanças de 1.º classe na repartição de Abrantes. Pedi transferência para a Repartição de Constância, onde estive dois anos. Em 2005, havia uma vaga para chefe aqui e pedi novamente transferência para poder ficar mais perto de acsa. Aprendi a gostar do que se faço. Estou nisto há muitos anos. Se não houver gosto naquilo que se faz, nunca se faz bem. Em pequeno tinha a ideia de um dia ser engenheiro. Não fui mas tenho uma filha, de 28 anos, que é engenheira. A minha carreira tem-se pautado pela vontade de querer fazer, de querer trabalhar e de querer aprender. Ao todo coordeno uma equipa de sete pessoas. Regra geral quando chego já cá está gente. E muitos ficam depois da hora, como eu. Faço mais backoffice. Organizo o serviço, tiro dúvidas e despacho serviço. Não tenho estofo para estar parado a olhar para as paredes. É complicado quando se tem que penhorar os bens às pessoas. Muitas vezes, quando vêm falar comigo já não há nada a fazer uma vez que a lei não permite retrocesso. São situações sempre difícieis para todos os quem têm que lidar com elas. Mas, de um modo geral, acho que as pessoas são cumpridoras das suas responsabilidades fiscais. Muitas vezes dou por mim a pensar nos assuntos de trabalho ao fim-de-semana e até à noite. Acho improvável que alguma pessoa se consiga abstrair completamente do seu trabalho, mesmo nas férias. Normalmente ocupo os meus tempos livres a ler e a ouvir música. Ando sempre com um rádio de pilhas. Adoro futebol e vejo na televisão todos os jogos que tenho possibilidade de ver. Saber e demonstrar o que se sabe é saber duas vezes. Foi uma frase que um professor de Português, que tive em Angola, nos dizia sempre na véspera dos exames. Nunca mais esqueci disto. Se não demontrarmos o que sabemos as pessoas não sabem que nós sabemos. Em toda a minha vida, sempre fiz por aliar esta lição a uma grande força de vontade.
Fernando Vilão

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