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Agricultores desenvolvem estratégias para combater alterações do clima

Agricultores desenvolvem estratégias para combater alterações do clima

Há quem defenda que pior que os problemas do clima são as acentuadas variações da política e do do mercado

O problema da agricultura é visto de maneira diversa por meteorologistas, ambientalistas, agricultores e economistas.

Rega “gota-a-gota”, antecipar o cultivo para aproveitar as chuvas do final da Primavera e o isolamento térmico dos telhados para proteger o gado são algumas estratégias que os agricultores portugueses estão a adoptar para contornar as mudanças climáticas.“O clima está mais instável, mais extremo e temos de nos ir adaptando com o recurso às novas tecnologias, como a Internet, para saber a previsão do tempo”, disse à agência Lusa o vice-presidente da Associação de Jovens Agricultores de Portugal, Carlos Neves.O presidente do Instituto de Meteorologia, Adérito Serrão, que, contrariamente ao que havia sido previsto antes do Verão, os meses de Julho e Agosto foram menos quentes, embora secos. Como que a confirmar, Carlos Neves diz que os agricultores “já não olham para o lado para ver o vento, nem se baseiam nos ditados populares” para saber a melhor altura para cultivar. Para poupar água, o jovem agricultor, dono de uma vacaria e produtor de milho, contou que semeia mais cedo para aproveitar a chuva que cai no final da Primavera, enquanto há outros colegas que utilizam o sistema de rega gota-a-gota. O gado também não é esquecido nesta “luta” contra as mudanças de clima, como contou o agricultor. “As vacas tourinas sofrem muito com o calor, sentem-se mal, comem menos e produzem menos. Então colocamos ventiladores nos estábulos e isolamos o telhado para que a temperatura seja mais amena”, adiantou.Para o vice-presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), Luís Mira, o maior problema dos agricultores não é a questão climatérica, mas sim as variações de mercado que têm causado expectativas: semeia-se a um determinado preço, mas na altura da colheita esse preço caiu 40 por cento. “As pessoas já estão habituadas ao tempo. Há anos melhores, outros piores, com chuva ou menos chuva, mas as variações constantes da política e do mercado são factores muito mais nocivos e difíceis de controlar do que as alterações climatéricas”, frisou.Apesar dos esforços dos agricultores, o presidente da Quercus, Hélder Spínola, considera que muitos não se estão a adaptar porque estão a desenvolver um tipo de agricultura cada vez mais dependente de determinados recursos que vão ser mais escassos no futuro, como a água e nutrientes do solo que, com as alterações climáticas, têm tendência a ficar menos férteis. “Estamos a falar de um factor que é fundamental para essa actividade que é a disponibilidade de água”, disse o ambientalista, lembrando que as projecções indicam que até ao final deste século as reduções deste bem podem atingir os 40 por cento.“Até a agricultura de sequeiro depende da chuva no momento certo e com alguma regularidade ao longo do ano”, sustentou Hélder Spínola.O ambientalista recordou ainda à Lusa outros problemas que as mudanças do clima podem trazer, como as pragas agrícolas, que têm tendência a aumentar a sua área de distribuição e que podem afectar sobretudo Portugal.
Agricultores desenvolvem estratégias para combater alterações do clima

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