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Pantagruélico Manuel Serra d’ Aire

Pantagruélico Manuel Serra d’ Aire

Mea culpa, mea maxima culpa. Quem me manda a mim meter com feudos e senhores feudais. Mandei-me à ementa do Festival de Gastronomia e só não fui desancado porque não me apanharam a jeito. Esta coisa de um gajo ter opinião incomoda mesmo aqueles que se dizem defensores das liberdades e garantias e outros chavões que tais. Se a evolução é isto, então deixem-me ficar no tempo em que sopa da pedra se chamava sopa da pedra e em que não havia xaropes semi-sólidos do Cartaxo. Quem não quer, que evolua e que faça bom proveito. Fiquem pois descansados os admiradores da nouvelle cuisine, os grandes mestres de culinária e os fãs dos criadores daqueles pratos: cá o Serafim nunca mais se mete noutra nem nunca mais vai gastar teclado com semelhante coisa. Basta prometerem-me que nunca mais me põem coisas daquelas à frente. E que me vão deixar continuar a preferir um sável frito com açorda ou fataça na telha sem me chamarem bárbaro e troglodita como algumas almas enxofradas chamaram. Enxofrado anda também o meu avô com esta história das comissões de protecção de menores que retiram os putos aos pais por razões às vezes tão prosaicas como a falta de condições de habitabilidade. Diz ele que se a moda pega e as prestações das casas continuarem a subir não vai haver centros de acolhimento que cheguem para tanta criança. E não é por falta de condições de habitabilidade. É mesmo por já não terem casa para morar depois da hipoteca.O bom do velho queixa-se que nasceu com um século de avanço e que com essa malvadez do destino nunca pôde desfrutar em plenitude de modernices como as comissões de protecção de menores, bonecas insufláveis, subsídio de desemprego, caviar de coentro ou camisas cor-de-rosa. Valha-lhe o Viagra! Diz ele que é uma espécie de espoliado do Destino. E meteu na cabeça que o Estado lhe deve pagar com retroactivos o que não viveu, internando-o numa casa de alterne cheia de jovens ousadas que o ponham a babar-se de prazer. Porque não havendo a quem tornar culpas, temos sempre o Estado para se chegar à frente. Os banqueiros tesos deste país que o digam.É um autêntico tarado o raio do homem. Felizmente que essas taras e manias não são hereditárias. Quando me deparo com raparigas ousadas em poses pornograficamente sensuais convidando-me para uma orgia no interior de um jacuzzi ainda não chego ao ponto de me babar. Prefiro esfregar os olhos para me certificar se não estou a sonhar acordado. E a verdade é que estou sempre. São coisas da vida a que ainda não me consegui habituar. Por que é que não tirei um curso de arbitragem, caraças?! Sempre era meio caminho andado para evoluir e acertar o passo com a realidade… Assim, nunca passarei da cepa torta, seja na gastronomia seja no que toca a mulherio. Cumprimentos do Serafim das Neves
Pantagruélico Manuel Serra d’ Aire

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