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Cabra serrana ribatejana vai tentar salvar a gralha de bico vermelho

Cabra serrana ribatejana vai tentar salvar a gralha de bico vermelho

Cooperativa vai criar rebanho para ajudar a preservar o ambiente na Serra dos Candeeiros

Numa aldeia de 170 habitantes reside uma das associações mais dinâmicas da região. A cooperativa Terra Chã, nascida no seio do Rancho Folclórico de Chãos, localidade do concelho de Rio Maior, aposta em várias frentes para colocar a aldeia no mapa do desenvolvimento sustentado.Ver Vídeo em: http://www.omirante.pt/omirantetv/index.asp?idgrupo=2&IdEdicao=54&idSeccao=514&id=26486&Action=noticia

Que relação pode haver entre a criação de um rebanho comunitário e a preservação de uma espécie como a gralha de bico vermelho? A resposta, para quem não saiba, é dada pela Cooperativa Terra Chã, uma dinâmica organização sedeada em Chãos, aldeia da freguesia de Alcobertas, concelho de Rio Maior. O rebanho de cabra serrana ribatejana, outra espécie cada vez menos comum, vai permitir repor o equilíbrio ambiental em zonas da serra dos Candeeiros onde já não há pastorícia. “Com o abandono dos campos os rebanhos deixaram de ir para a serra com regularidade. Porque têm alimento cá em baixo”, explica António Frazão, um dos dirigentes da Terra Chã. E sem predadores, a vegetação evolui, transforma-se e precipita a modificação da fauna que vive nesse ecossistema. É aí que entra o rebanho, uma espécie de fiel da balança que impede a modificação abrupta da flora e o desaparecimento da zona de espécies como a gralha de bico vermelho. “Está provado que o pastoreio é importante e tem de andar de mãos dadas com a preservação da natureza, acrescenta.A Terra Chã tem na preservação da natureza e dos usos e costumes locais uma das chaves para o desenvolvimento da localidade. Actualmente gere três imóveis que pertencem ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), onde funcionam alojamentos, os serviços administrativos, recepção, espaço para exposições e para actividades de formação profissional. Actualmente estão ali a decorrer cursos de tecelagem e de recursos florestais e ambientais. Os formandos dão uma animação suplementar à pequena aldeia serrana. Em meados da década de 90 foi construído o edifício do centro cultural equipado com bar, restaurante regional com vista panorâmica e mais alojamentos. A zona envolvente foi requalificada. Actualmente está a ser construída uma cisterna para aproveitamento da água das chuvas. Está também projectado o aproveitamento de energia eólica que torne as instalações auto-suficientes em termos energéticos. Os projectos de valorização do território germinam como cogumelos. Este ano lançaram o desafio a quem quiser acompanhar durante um dia um rebanho a pastar na serra. Um dos cicerones é Isidoro Madeira, o último pastor de Chãos (ver texto na página ao lado). Há ainda outras rotas temáticas, como a das orquídeas e a da água. O desenvolvimento da área da apicultura é outra das apostas, com a criação de uma melaria colectiva e um centro de interpretação do mel cuja candidatura a financiamento deve entrar em 2009. Está também a ser estudado o protocolo a celebrar com a Câmara de Rio Maior para passarem a gerir a nova escola primária, construída em 1996 e que só esteve uma década no activo.Perante esta folha de serviços não é difícil imaginar que a Terra Chã é em grande parte a responsável pelo desenvolvimento da aldeia. São os maiores empregadores locais, dando trabalho a seis mulheres numa aldeia com cerca de 170 habitantes. As receitas vêm sobretudo dos serviços que prestam: alojamento, refeições, turismo da natureza, espaços para formação profissional. E há também algumas ajudas estatais e europeias. “Não precisamos de subsídios, queremos apenas ser vistos como parceiros nos projectos de desenvolvimento local”, diz António Frazão.
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