Com um sorriso maroto, a brasileira Neusa Nunes segura nas mãos um carregado com duas dezenas de pequenas embalagens de arroz doce. Aprendeu a confeccionar a iguaria a partir de um livro de receitas. Uma aprendizagem rápida e com um objectivo: poder participar na 5.ª edição do Festival do Arroz Doce. A iniciativa decorreu entre 28 de Novembro e 1 de Dezembro no Pavilhão de Exposições da Nersant, em Torres Novas. Natural de Minas Gerais, Neusa fez questão de adornar o seu arroz doce com bandeirinhas de Portugal explicando que, deste modo, consegue ter na sua banca de “caipirinhas, caipiroskas e caipiretas”, a homenagem aos dois países-irmãos. O resto da decoração do stand tem outras cores. O verde e amarelo da bandeira do Brasil.Foi há apenas quatro meses que deixou o Ceará, no nordeste brasileiro, para se juntar ao marido, Francisco Modesto Leite, que se encontra a trabalhar na região há seis anos, escolhendo Ourém para se fixar. “Faço todas as feiras da região a vender as minhas caipirinhas. A Feira de Santa Iria em Tomar, a Feira do Cavalo na Golegã… É uma bebida que tem muita saída, especialmente junto dos mais jovens”, explica.Arroz-doce com canela e bebidas tropicais não parecem ligar mas não há nada como experimentar para tirar conclusões. Afinal é de ousadas misturas que nascem grandes invenções gastronómicas. Sábado à tarde as expectativas do casal em relação às vendas estavam em baixo. “Está muito frio, o povo fica em casa no quentinho”, diziam. O frio foi aliás uma das maiores dificuldades que Neusa sentiu no processo de adaptação ao nosso país. Para o combater serve tudo. À falta de clientes um bom licor aquece o corpo e sempre serve de consolo à alma. Elsa Ribeiro Gonçalves