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Num passo certinho Cipriano Machacaz e António Marcelino fazem a caminhada da vida ao ritmo do acordeão

Num passo certinho Cipriano Machacaz e António Marcelino fazem a caminhada da vida ao ritmo do acordeão

Num passo certinho Cipriano Machacaz e António Marcelino fazem a caminhada da vida ao ritmo do acordeão e da bilha que soltam as notas para as modas que se dançam nos ranchos da freguesia de Samora Correia, concelho de Benavente. Em comum têm uma vida dura no campo e o amor às companheiras de sempre. Marcelino, 75 anos, é um exemplo de dedicação ao folclore e à vida. Figura incontornável do Carnaval de Samora e das festas tradicionais, é um homem admirado por todos os que o rodeiam. “Ninguém fica triste ao meu lado”, diz, antes de pegar na gaita-de-beiços para mais uma moda. O sorriso e a esposa Mariana, que toca ferrinhos, acompanham-no para todo o lado. Marianita é um amor com mais de meio século, do tempo em que ainda se namorava à janela e “só iam para a cama depois de casar”, frisa. A mulher de Machacaz também é a sua alma gémea. Quando ele toca, ela canta ou dança. Diz que foram feitos um para o outro. O acordeonista, com 69 anos, nasceu na Barrosa (Benavente), mas foi na Índia que acentuou o gosto pelo acordeão quando animou os soldados e oficias nos campos militares de Diu e Goa. “Trouxe um acordeão que tem mais de 100 anos. Comprei a um colega de armas”, diz, mostrando orgulhosamente o acordeão preto que, em 1961, fez milhares de quilómetros para ligar a Índia à pacata aldeia da Barrosa. O instrumento já animou centenas de bailes e festas. Machacaz andou com o acordeão às costas, montado numa motorizada a fazer casamentos e baptizados. Tocou em seis ranchos ao mesmo tempo e só interrompeu a carreira quando teve de fazer luto pela perda dos irmãos. “Morreram com o mesmo mal que eu tive, mas eu consegui vencer”, diz o homem a quem deram oito dias de vida, antes de remover um tumor. Machacaz está de boa saúde e com mais força do que nunca porque “o que não nos mata, fortalece-nos”. Nelson Silva Lopes
Num passo certinho Cipriano Machacaz e António Marcelino fazem a caminhada da vida ao ritmo do acordeão

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