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Carlos Tomé

Carlos Tomé

53 anos, engenheiro mecânico

Nasceu em Santarém a 9 de Fevereiro de 1955. Formou-se em engenharia mecânica mas trabalha há 28 anos no ensino da condução automóvel, tendo dado continuidade ao negócio que o pai fundou na capital de distrito há 60 anos: as Escolas de Condução Tomé. Com uma actividade profissional e associativa muito preenchida, dificilmente consegue desligar do trabalho mas não se importa que assim seja.

Ver Vídeo em: http://www.omirante.pt/omirantetv/dimensoes.asp?idgrupo=2&IdEdicao=54&idSeccao=514&id=27858&Action=noticiaA minha formação profissional é em engenharia mecânica. Acabei o curso no Instituto Superior Técnico de Lisboa em 1978. Ainda estava a concluir o curso quando vim dirigir uma empresa de montagem de electrodomésticos em Santarém. Estive lá dois, três anos. Entretanto, o meu pai, Manuel Tomé, que já tinha escolas de condução, decidiu aumentar a actividade e comprou duas escolas de condução em Santarém. Nessa altura fui trabalhar com ele. Pensei que podia aplicar os meus conhecimentos para consolidar e desenvolver o negócio do meu pai, que era o das escolas de condução.As Escolas de Condução Tomé são um marco na condução automóvel no distrito de Santarém. Estou ligado à empresa desde 1980 mas as escolas já existem há 60 anos. Actualmente temos escolas em Almeirim, Alpiarça, Chamusca, Cartaxo, Santarém e Pernes. Neste momento, o vínculo que o instrutor estabelece com os candidatos é menos profundo. Antes existia uma amizade entre o instrutor e o candidato a condutor. Hoje é tudo muito mais frio e contratual. A relação extingue-se com o exame. Posso dizer que quase nasci dentro de um carro de instrução. Aprendi a conduzir vendo o meu pai a ensinar os outros. Foi daí que veio o gosto por esta vida e por esta profissão. Na altura do 25 de Abril, os cursos superiores eram mais dirigidos para formar dirigentes do que pessoas para trabalhar. As minhas competências assentavam mais na gestão de empresas. Foi, no fundo, a formação profissional que tirei que me levou a tomar conta do negócio, juntamente com o meu irmão. Há menos gente a tirar a carta de condução hoje do que há dez anos. Neste momento, verifica-se uma redução significativa de alunos nas escolas de condução. É uma questão de números. A generalidade das pessoas tira a carta com 18 anos. Também temos casos de senhoras com mais de cinquenta anos que estão a tirar a carta. Sinto que, em certos casos, o fazem para combater o isolamento. O tempo que passam na escola de condução, em que estão a conviver, a conversar e distraídas, sentem-se acompanhadas. Os acidentes dão-se, sobretudo, a partir do segundo e terceiro ano dos encartados. É quando os condutores sentem que já dominam mais o carro e arriscam. Têm pouca experiência mas convencem-se que já são bons condutores. O sector das Escolas de Condução já propôs ao Governo a entrega da carta por fases, depois do condutor ter provado que recebeu aulas de condução nocturna, em pista molhada ou em auto-estrada. Mas o Governo tem muito receio em aprovar propostas que sejam impopulares. E os candidatos vão para a estrada com uma média de 30/40 horas de condução que é manifestamente curto.A carta de condução é um marco muito importante na vida das pessoas. A maior parte dos alunos não se esquece do instrutor de condução. Guardo na memória muitas histórias vividas ao longo destes anos de ensino de condução. Tivemos uma senhora que demorou muito tempo a tirar a carta de condução. O exame correu bem e deram-lhe um elogio. A partir do momento em que tirou a carta teve alguns acidentes “de lata” e deixou de conduzir. Ainda voltou para ter mais lições. Felizmente, reconheceu que conduzia bem mas era com o instrutor ao lado (risos). Estou muito ligado ao associativismo. Há muitos anos que faço parte da direcção da Associação Empresarial das Escolas de Condução. Também sou membro do núcleo da Nersant e vice-presidente dos Bombeiros Voluntários de Santarém. Gosto muito de aqui viver. É das cidades mais centrais do país. Só tenho pena de estar a assistir a uma grande alteração, a meu ver positiva para a cidade, mas que esteja a ser feita sem se ouvir as pessoas que mais sabem de trânsito e da reformulação das vias de trânsito. Nunca desligo do trabalho. Aliás, nunca tiro mais de uma semana de férias seguida. Mas não me incomoda não desligar. Prefiro estar sempre em contacto com esta actividade profissional. Sobra-me pouco tempo para hobbies. Gosto muito de todo-o-terreno mas não tenho participado. Estou agora a recuperar umas casas de xisto na Beira Baixa, onde vi uma oportunidade de negócio pelo que agora as estou a transformar em habitação para turismo rural.
Carlos Tomé

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