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Constantino Mota fecha portas e deixa 100 trabalhadores no desemprego

Constantino Mota fecha portas e deixa 100 trabalhadores no desemprego

Administração da fábrica de peles de Alcanena entregou pedido de insolvência no tribunal local
A fábrica de peles Constantino Mota, em Alcanena, apresentou no tribunal local o pedido de insolvência e a partir de dia 11 de Fevereiro deverá fechar portas até ser tomada uma decisão final. Em causa estão os empregos de cerca de 100 trabalhadores que receberam a notícia com surpresa apesar de já não terem recebido os salários de Dezembro e Janeiro. A má notícia chegou em 29 de Janeiro. Os trabalhadores agiram com o apoio do Sindicato dos Têxteis do Sul e da União de Sindicatos de Santarém e avançaram para a suspensão temporária de trabalho e dos contratos, para poderem usufruir do subsídio de desemprego enquanto a situação estiver indefinida. Medida que a lei prevê quando o atraso no pagamento de salários for superior a 15 dias.Esta terça-feira foi dia de greve. Junto a dois pavilhões da empresa várias dezenas de trabalhadores concentraram-se para falar dos problemas que os afectam. Vítor Feliciano, 49 anos, tem como tarefa trabalhar com a máquina de raspar peles. Confessa que não esperava chegar à situação actual. “Pergunto a mim mesmo o que é que vou fazer a seguir a isto, há 34 anos a descontar para a segurança social. Não conhecemos os problemas da administração, apesar de dizerem que não têm condições para pagar salários”, constata.Ao lado, Joaquim Mendes, tintureiro de peles há 23 anos, vai pelo mesmo caminho. “Estamos a aguardar e pedimos a suspensão temporária de trabalho para nos garantir o subsídio de desemprego e depois logo se vê. Mas penso que a empresa ainda tem viabilidade”, disse a O MIRANTE. Joaquim Mendes, dirigente do Sindicato dos Têxteis do Sul e da União dos Sindicatos de Santarém, diz que a administração da empresa fala numa dívida acumulada na ordem dos nove milhões de euros. “Segundo nos foi relatado, a empresa não tem a confiança dos fornecedores, não labora por falta de matéria-prima e o banco tem a «torneira fechada» por ter um crédito de seis milhões de euros”, explica. Por esse motivo, refere que não havia outra solução senão a entrada do requerimento do processo de insolvência da empresa no Tribunal de Alcanena, que deu entrada na quinta-feira, 29 Janeiro. A situação de não pagamento de salários nunca tinha acontecido. Alguns trabalhadores dizem que o subsídio de Natal já foi pago em duas fases, primeiro 70 por cento e mais tarde 30 por cento. Segundo o sindicato, a administração diz não ter garantias de pagar os ordenados em falta. De acordo com Joaquim Mendes, os trabalhadores poderão requerer o subsídio de desemprego a partir de dia 12, para já terem direito a auferir parte do mês de Fevereiro.“Em relação ao futuro, os trabalhadores vão ter de esperar pelo desenrolar da acção de insolvência interposta pela empresa, seja para avançar para o encerramento ou, como esperamos, para a apresentação de um plano de recuperação, que pode incluir perdão de dívidas e de juros e manutenção dos postos de trabalho”, declarou o sindicalista a O MIRANTE, aguardando as decisões a tomar em assembleia de credores com o liquidatário judicial nomeado.O MIRANTE contactou via e-mail a administração da Constantino Mota mas não recebeu qualquer resposta aos pedidos de esclarecimento até ao fecho desta edição.Dívida de nove milhões de eurosDados referentes à Constantino Mota transmitidos pela administração ao sindicato dão a entender que a dívida da empresa ascende a 9 milhões de euros. Desse bolo, a maior fatia é devida à banca, com seis milhões de euros. A empresa terá ainda dívidas à Segurança Social (870 mil euros) e a fornecedores (650 mil euros). “Para dificultar a situação fomos informados que há ano e meio a situação da empresa agravou-se com cerca de dois milhões de euros de incobráveis”, acrescenta Joaquim Mendes.
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