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Orlando Ferreira

Orlando Ferreira

56 anos, administrador da Rodoviária do Tejo

Nasceu a 5 de Fevereiro de 1953 na Penha de França, em Lisboa, mas viveu até aos 18 anos no bairro de Campolide, também na capital. Orlando Ferreira é administrador da Rodoviária do Tejo desde 2001. Casou em 2008 com a mulher com quem viveu as últimas três décadas e de quem tem uma filha com 23 anos. Foi atleta de alta competição em Judo tendo participado nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972. Adora viajar. Diz que os jornais são o seu vício. Gosta de escrever mas guarda o que escreve para si. Por vezes deita fora. É um homem realizado e sente-se privilegiado por poder fazer aquilo que gosta.

Existe muita confusão nesta área porque os administradores gostam de chefiar e dirigir. Mas administrar é criar condições para que os directores possam dirigir, para que os chefes possam chefiar e, sobretudo, para que os colaboradores possam saber para onde é que vai a empresa. Já fui director e tinha administradores que gostavam de dirigir e até de chefiar. Sei colocar-me na minha posição embora reconheça que muitas vezes o impulso é para chefiar ou dirigir porque é mais fácil. Mas os papéis são diferentes.Sempre que vou a qualquer local da empresa a primeira coisa que faço é entrar nos autocarros. Preciso ver o estado em que estão os bancos, como está a limpeza, a informação ao público. É importante não apenas ver mas também dar um sinal às pessoas - que são o nosso verdadeiro patrão - que nos preocupamos. Antes de ir ao gabinete do director gosto de ir à bilheteira. A última vez que andei de autocarro foi há cerca de um mês e meio quando uma comitiva da Rodoviária do Tejo se deslocou até Évora para conhecer as instalações do comendador Rui Nabeiro. Fiz questão que as deslocações para as empresas e para o hotel fossem feitas em autocarros. É bom, faz-nos ver que, às vezes, quem anda de autocarro sofre. Sofre com o calor e com os trajectos.O sistema dos transportes ainda não passou à fase adulta. O Estado comparticipa outras transportadoras e à Rodoviária do Tejo não dá um único cêntimo. Vivemos num regime que não é bom, que é o regime da concessão. Ou seja, o nosso património são as nossas concessões. As concessões são más para a empresa porque nos amolece e não nos cria o espírito de competição fundamental ao crescimento e desenvolvimento de qualquer empresa. Mas as concessões têm final anunciado. A legislação europeia obriga a que tudo vá a concurso. Actualmente, apenas existem concessões provisórias. As definitivas já acabaram. Tudo passará a contrato tendo que ir, obrigatoriamente, a concurso. Tudo será contratualizado, o que resulta numa maior competição. É esse o nosso grande desafio para os próximos anos e é para isso que nos estamos a preparar.Enquanto as autarquias não utilizarem a “bomba atómica” que têm dentro de casa, que é o estacionamento, as pessoas vão continuar a levar os carros para dentro das cidades. Tem que haver menos gente a utilizar o seu próprio transporte dentro da cidade. Os automóveis não são inimigos dos autocarros mas têm que viver em conjunto. Temos que ir criando, aos poucos, nas pessoas o hábito de andar de autocarro. Também não podemos pedir a uma mãe que tem que deixar o filho na escola, que fica no centro da cidade, que vá de autocarro. Tem que existir um meio-termo. Temos que criar o gosto de andar de autocarro.Fui atleta de competição em Judo e participei nos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, em 1972, quando ocorreram os atentados a atletas israelitas denominados por “Setembro Negro”. Entrei no Judo por acaso, por brincadeira, mas foi um desporto que me marcou porque tem uma filosofia muito própria e é uma maneira de se estar na vida. Comecei a participar em campeonatos aos 13 anos. Quando acabava as aulas de infantis, o professor agarrava-me e obrigava-me a fazer as aulas com os seniores. A competição começou a tornar-se mais séria e fiz um interregno de um ano no curso de engenharia civil que estava a tirar no Instituto Superior Técnico e dediquei-me exclusivamente aos campeonatos de Judo. Em Munique, estava instalado num apartamento mesmo em frente ao local onde ocorreram os atentados mas só me apercebi do que se passou no final, quando os helicópteros andavam no ar.Casei o ano passado com a mulher com quem vivo há 30 anos e de quem tenho uma filha. Ser homem de família é muito complicado. Implica alguma disponibilidade. É um papel muito mais exigente mas é também a nossa âncora. A família é tudo o que temos e é ela que nos apoia quando mais precisamos. E nos aceita com todos os nossos defeitos. Por isso tem todo o direito de cobrar a nossa atenção e presença. Gosto de escrever mas guardo tudo para mim. Muitas vezes deito fora depois de escrever ou fica no computador. Nunca me aventurei a escrever um romance porque acho que não sou capaz.Ana Isabel Borrego
Orlando Ferreira

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