São dez e meia da manhã e Carlos Lourenço já está de volta da febra. O vice-presidente da Associação de Melhoramentos de Monte Penedo, Ribeira de Boas Eiras e Espinheiros, no concelho de Mação, é o único “voluntário” que se entrega à tarefa de trinchar os cerca de 60 quilos do porco que foi morto na véspera por uma dezena de populares. Mas ali ao seu lado, na cozinha, meia dúzia de pessoas dedicam-se a outras tarefas, entre a preparação da sopa, dos acompanhamentos e também dos fritos para a sobremesa. O porco vai servir de repasto a cerca de noventa pessoas que participaram num almoço que teve lugar no sábado, 7 de Fevereiro, com vista a obter fundos para continuarem as obras de beneficiação da associação. A matança obedeceu à tradição. Depois de deitado o porco numa banca de madeira, a faca perfura o pescoço do animal que é sangrado para dentro de um tacho. Em seguida é pendurado para ser chamuscado e limpo. É cortado e esventrado. As tripas são lavadas num ribeiro das proximidades e aproveitadas para fazer os chouriços. “Não sou talhante mas alguém tem que cortar a carne do porco para logo à tarde ser assada no braseiro”, frisou. Desde criança que se lembra de assistir, pelo menos uma vez por ano, à matança do porco e foi com os familiares que aprendeu a trinchar a carne. A ideia é servir umas bifanas no pão ao lanche. Mas antes chega a hora de almoço. Pão de milho e azeitonas servem de aperitivo ao figado de porco com arroz branco, um dos pratos confeccionados. Para quem não é muito dado a vísceras, a alternativa são as febras trinchadas com batata frita de pacote às rodelas. No fumeiro improvisado, os chouriços e as negrinhas, já se encontram a secar mas só à noite, ao jantar, foram dados a provar. Elsa Ribeiro Gonçalves