As cidades são o espaço onde vive grande parte das pessoas, e tendem, porventura, a ser o espaço onde vive a maior parte das pessoas.Entre outras razões, porque a cidade tem o poder de atrair população que nela vê a presença de maiores e melhores oportunidades de encontrar mais qualidade de vida.Cada cidade é o fruto da intervenção dos que nela viveram ao longo dos anos, agindo sobre o meio ambiente.E é uma realidade em permanente construção, desde logo porque tende a crescer, e depois ainda porque tende a ser modificada para se adaptar aos novos desafios e para satisfazer novas necessidades e exigências.Por seu lado, a crise é uma situação de ruptura com o que num dado momento existia e, por isso, a crise põe em causa a concretização dos desejos e projectos dos cidadãos. Por isso mesmo, a crise representa para o conjunto dos cidadãos e para cada um deles em particular, um desafio a vencer e um obstáculo a ultrapassar.Por outro lado, há que não esquecer que todos nós temos uma enorme tendência para apreciar a continuidade, por causa da sensação de segurança que ela nos transmite.Esta tendência para manter o que existe em cada momento, representa, por si, um obstáculo ao crescimento e ao desenvolvimento, na medida em que estes implicam mudança.A crise, ao lado dos males que arrasta consigo, traz também esta vantagem: a de criar novas oportunidades, por nos obrigar a reagir e pôr em causa o que, antes dela, era aceite como inevitável.As cidades, entendidas como conjuntos de cidadãos e como entidades com vida própria, têm forçosamente de optar por, ou apenas lamentar a crise e esperar que ela passe, ou, juntar esforços para ultrapassar a crise e, simultaneamente, aproveitar a oportunidade e os esforços conjuntos para dar o salto para patamares superiores de qualidade e desenvolvimento.  *Presidente da Câmara Municipal de Tomar