uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

A artista fascinada pela figura humana luz e movimento

Antonieta Janeiro diz que a inspiração vem ter com ela

Ao longo de quase três décadas foi “soldando e soltando” a mão. Aos 14 anos Antonieta Janeiro fez a sua primeira exposição e tem quadros espalhados um pouco por todo o mundo.

Com apenas 14 anos fez a sua primeira exposição e a partir daí nunca mais parou. O dom da pintura e o gosto pelas artes plásticas nasceu com Maria Antonieta, uma artista a residir em Alverca. “Estava destinada a ir para belas artes”, refere a pintora.Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade e Letras da Universidade Clássica de Lisboa, frequentou o curso de formação artística da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Foi ai que teve contacto com as técnicas. Mais tarde frequentou o Chelsea Westminster em Londres e nos anos setenta foi-lhe concedida uma bolsa de estudo na ex-Jugoslávia pelo Instituto de Alta Cultura de Portugal. Conta que nessa altura teve a oportunidade de conhecer artistas locais e viu “coisas maravilhosas”. Com 61 anos Maria Antonieta nunca deixou de contactar com as artes e procurou ao longo dos tempos manter-se actualizada. “Correu mundo” e fez vários workshops. Defende que o artista não deve ficar agarrado a uma só técnica nem a um só tema. Deve evoluir e experimentar.Foi aprendiz de Henrique Medina. O mestre ensinou-lhe muita da técnica e “truques” que ainda hoje utiliza. Lidou com outros artistas, conheceu outras realidades, aprendeu e foi “soldando e soltando a mão”.Começou pelo lápis mas pinta a óleo, carvão, pastel e sépia sanguínea. Os seus quadros representam a diversidade de técnicas que foi aperfeiçoando. Figurativo, hiper-realista, expressionista, realidade onírica e retrato são a sua imagem de marca. Usa ainda o Acrílico e as técnicas mistas. Não gosta de pintar a paisagem nem a natureza morta. Aprecia se for bem feita, mas não a cativa, pois, diz que lhe falta vida. Revela que e a figura humana, ou qualquer outro ser vivo, a fascinam assim como o movimento a luz. “Posso ser conotada com cavalos, toiros, tauromaquia, mas há muito mais sem ser isso”, afirma Antonieta Janeiro enquanto dá os últimos retoques num retrato da toureira Conchita Citron.A inspiração surge naturalmente. “Há alturas em que temos de deitar cá fora o que nos enche. Quer numa altura de uma grande alegria ou tristeza, de quase stress. Sinto que tenho de fazer qualquer coisa às vezes e não sei bem o quê. Pego numa caneta e num bloco, escrevo ou pinto e esqueço-me do resto do mundo. Eu não vou buscar a inspiração, ela e que vem ter comigo”, revela a artista.Não se recorda de quantos quadros já pintou nem de quantas exposições já fez, dada a quantidade de trabalho que vem desenvolvendo ao longo de quase três décadas ligadas às artes e à pintura em particular, onde ganhou vários prémios.Os seus trabalhos estão espalhados um pouco por todo o mundo. Reino Unido, Alemanha, Brasil, África do Sul e Estados Unidos da América são apenas alguns dos países onde existem colecções particulares da artista. Tem colecções oficiais na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, no Museu Municipal da cidade, na Câmara Municipal de Sintra, na Escola Pratica de Cavalaria, na Escola Secundaria de Vitorino Nemésio e Casa-Museu João Mário, entre outros locais.Natural de Lisboa, mora em Alverca por questões familiares há mais de 22 anos. Intitula-se Vilafranquense sem ter nascido em Vila Franca e ribatejana sem ter nascido no Ribatejo. Diz que é uma zona de que gosta muita e onde tem sido muito acarinhada e respeitada. É membro fundadora Grupo de Artistas e Amigos da Arte (GART), pertence à Academie Europeenne dês Arts, é sócia da Sociedade Portuguesa de Autores Escreve para revista “Equitaçao” desde 1995 e colabora com o Jornal de Letras.Deseja ensinar pintura e publicar um livroEscrever é uma das outras paixões de Antonieta Janeiro. Foi professora do ensino secundário durante 36 anos e está actualmente a escrever um livro sobre o ensino português. Quando acabar espera encontrar uma editora interessada em publicar o seu trabalho.Tem também o desejo de ensinar pintura a quem quiser aprender. Não pede dinheiro, mas apenas um espaço para poder transmitir os conhecimentos que foi adquirindo ao longo dos anos. Considera que actualmente há muita gente a intitular-se de pintor e até a ensinar. “Fico pasmada como é que dão aulas se nem para eles sabem. Tenho a impressão que não se estão a respeitar devidamente as artes plásticas”, lamenta Antonieta Janeiro.Amiga de Conchita Citrón defende os toiros de morteConheceu a melhor toureira de todos os tempos num congresso sobre tauromaquia em Vila Franca de Xira. Na sua intervenção, Antonieta Janeiro defendeu que o toureio é semelhante ao ballet. “No final a Conchita veio ter comigo e disse-me que concordava. Lembro-me que ficou satisfeita por saber que não era a única pessoa a pensar dessa forma”, conta a artista.Antonieta Janeiro diz que, depois desse encontro, mantiveram sempre o contacto. “Chegámos a falar horas ao telefone. Era uma pessoa fantástica com uma conversa muito interessante e sempre pronta a criticar de uma forma mordaz e inteligente os acontecimentos”, refere. Como aficionada que é defende os toiros de morte. Considera que o toureio a cavalo deve-se manter como está, mas defende que o toureio a pé seja finalizado com a morte efectiva do toiro na arena e que não se simule como agora acontece.

Mais Notícias

    A carregar...