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Testemunho da vertente cristã da história de um concelho

Testemunho da vertente cristã da história de um concelho

“A Igreja em Torres Novas no século XX” de Joaquim Rodrigues Bicho

Apesar de se tratar de uma edição de autor e de o mesmo ser católico, o que se reflecte em muitas passagens, o livro fornece informação preciosa sobre a história recente do concelho de Torres Novas.

Após a implantação da República em Portugal, no meio do clima anti-clerical que se vivia, foi destruído com dinamite um nicho com uma imagem religiosa, na entrada de Torres Novas onde se situa o bairro do Nicho. A história foi contada pelo Padre José Maia dos Santos no jornal O Almonda de 4 de Fevereiro de 1956 e está relatada no livro “A Igreja em Torres Novas no século XX”, do historiador local, Joaquim Rodrigues Bicho. No livro, ilustrado com inúmeras fotografias de época, são relatadas as festas, os rituais religiosos, as acções da Igreja, as missões, organizações e associações católicas e é feito um levantamento do património arquitectónico e das instituições de ensino. No final são abordados os conflitos entre o Estado e a Igreja ocorridos ao longo do século passado. “Após a implantação da República, o clima em Torres Novas era de estupefacção e medo (...)”, refere o autor a dado passo.Apresentado como um “contributo modesto para o conhecimento da vida do povo cristão em Torres Novas no século passado”, “A Igreja em Torres Novas no Século XX”, recupera alguns acontecimentos curiosos. Nele se pode ler que a população local foi a primeira a ir a Fátima em peregrinação devidamente organizada, sem ser nos dias treze. Foi a 3 de Junho de 1928 e “calcula-se em dez mil, o número de pessoas presentes e em três mil as que se abeiraram da Sagrada Comunhão”. O autor não esconde o seu catolicismo como quando escreve, no primeiro capítulo – “Celebração do Natal”, referindo-se à Primeira República. “Se o Catolicismo era para eliminar em duas gerações, a extinção, deveria, logicamente, começar pelo Natal”. Apesar de avisar, no prefácio, que se trata de uma obra alicerçada na memória e que é o “trabalho possível, quando as limitações da idade recusam acompanhar o gosto e a vontade”, Joaquim Rodrigues Bicho apresenta vasta e diversificada informação, como, por exemplo, a lista de todos os padres que serviram a Comunidade de Torres Novas. No capítulo “Ministério Ordenado”, podem ser vistas as fotografias e lidas as biografias de cada um deles. São dezasseis párocos e dois prelados: D. Manuel Mendes da Conceição Santos, que chegou a ser Bispo de Portalegre e Arcebispo de Évora, e também D. João Alves, Bispo de Coimbra.Nas 446 páginas são feitas referências a todas as organizações ligadas à Igreja e o trabalho desenvolvido por cada uma delas. No final do século estavam activos no concelho dezanove. A Sociedade de S. Vicente de Paulo, a Acção Católica, o Corpo Nacional de Escutas, a Liga Intensificadora de Acção Missionária, a Legião de Maria, o Movimento dos Focolares, Guias de Portugal e a Caritas são alguns dos mais marcantes.Do capítulo “Património Arquitectónico” fazem parte as Igrejas, as casas de cariz religioso e os símbolos religiosos que marcaram o último século e que ainda são usados actualmente. As Igrejas de S. Pedro, do Salvador, de Santiago, de Santa Maria e a Capela de Nossa Senhora dos Anjos são alguns dos locais de culto referidos. Joaquim Rodrigues Bicho enumera as remodelações que os mesmos foram sofrendo ao longo dos anos. No último terço do livro são abordados os “Estabelecimentos de Ensino” que fizeram história ao longo do último século em Torres Novas e o escritor reservou uma parte do livro para falar da Santa Casa da Misericórdia.
Testemunho da vertente cristã da história de um concelho

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