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Paróquias e museu aliam esforços para preservar arte sacra em Vila Franca

Paróquias e museu aliam esforços para preservar arte sacra em Vila Franca

Tela de estilo barroco descoberta em Alhandra vai para Núcleo de Arte Sacra

Obras de arte religiosa recuperadas através de protocolos com universidades e politécnicos. Museu expõe peças e colabora nos sistemas de segurança nas igrejas.

A preservação de obras de arte sacra no concelho de Vila Franca de Xira conta com o esforço conjunto das paróquias e câmara municipal, assegura Graça Nunes, directora da Divisão de Património da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. A responsável, que dirige também o Museu Municipal, revela que as paróquias do concelho têm vindo a ceder várias obras para recuperação no laboratório do museu e em operações conjuntas com equipas de universidades portuguesas de todo o país. O mais recente projecto em curso é o de um frontal de estilo barroco, de autor desconhecido, encontrado em Alhandra e que deverá datar do séc. XVI. A tela, que se encontra guardada nas instalações da paróquia, vai ser alvo de trabalhos de preservação ao abrigo de um protocolo entre a câmara municipal e a Universidade Católica do Porto, devendo ficar exposta a partir de Setembro no Núcleo de Arte Sacra do Museu Municipal, em Vila Franca de Xira. “Tentamos gerar equipas multidisciplinares em torno das peças e colecções que estudamos. A colaboração com as instituições de ensino superior permite a análise das peças através de técnicas de que não dispomos no nosso laboratório, como a radiografia ou lupas binoculares”, refere Graça Nunes. No caso do frontal de Alhandra, a paróquia admite o projecto, mas não confirma datas. O padre José Gonçalves, pároco de Alhandra, reconhece “o apoio financeiro e técnico da câmara municipal numa paróquia onde há muita riqueza ao nível da arte sacra, mas também muito a fazer”. Vialonga é outra das paróquias onde o trabalho da autarquia dá frutos. Segundo o padre João Prego, “a câmara de Vila Franca tem colaborado imenso no restauro e conservação da arte sacra, especificamente dos altares e esculturas”. O pároco destaca o acompanhamento técnico do restauro e conservação dos altares de Vialonga e Santa Eulália, recuperação de algumas peças da igreja da Granja. A igreja matriz e Santa Eulália, classificadas de interesse público, recebem apoio técnico e financeiro para os trabalhos de restauro. A recuperação da tela do altar mor da igreja matriz, retirada do altar por se encontrar degradada, é a tarefa de conservação mais urgente a fazer na paróquia, refere padre João Prego. Nas paróquias de Alverca, Calhandriz e Sobralinho, a colaboração entre Igreja e câmara também acontece. José Maria Cortes, padre de ambas as paróquias, considera “muito boa a relação com os serviços de património da câmara, quer na disponibilidade, quer também na competência dos técnicos camarários”. Os trabalhos de maior envergadura têm decorrido na Igreja da Calhandriz, no restauro de algumas peças da Igreja de São Pedro de Alverca e no restauro dos azulejos da capela de S. Clemente de Arcena. O pároco acrescenta que “os fiéis podem contribuir na preservação das peças no apoio às iniciativas de restauro e também numa utilização adequada das referidas peças”.A visão de Graça Nunes vai no mesmo sentido. Em alguns casos, “são os próprios paroquianos quem nos informam de peças que necessitam de cuidados e alertam os párocos para a importância de preservar as peças. Por vezes são obras que possuem um grande valor histórico e patrimonial, embora não o pareçam” nota a responsável. No laboratório do museu, há vários trabalhos em realização por investigadores residentes e externos. “Recebemos muitos alunos em estágio, que acompanham a recuperação das obras, acabando por basear as suas teses nesse trabalho”, nota.A directora realça no entanto que o trabalho com as paróquias não se limita à preservação. A autarquia conseguiu provocar a adesão de todas as paróquias ao programa “Igreja Segura – Igreja Aberta”, desenvolvido desde 2001 pela Polícia Judiciária para garantir a segurança das obras de arte presentes nos templos. “Ter câmaras de videovigilância e sistemas de alarme é importante. Mas os próprios paroquianos podem ter um papel fundamental, ao evitar fornecer dados sobre o valor e localização de peças importantes quando questionados de forma suspeita por estranhos”, conclui.
Paróquias e museu aliam esforços para preservar arte sacra em Vila Franca

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