O presidente da Junta de Freguesia de Coruche, Jacinto Barbosa, transmitiu uma imagem dramática da situação social em Coruche no decorrer da última sessão da Assembleia Municipal. Tem dados que lhe permitam avaliar as declarações feitas?Os dados que temos dizem-nos que a situação social em Coruche acompanha o cenário de crise que afecta o país e o mundo. Ainda assim e apesar de a vida não estar fácil, penso que em Coruche até estamos menos mal que alguns concelhos, aliás Coruche tem tido um dos melhores desempenhos ao nível de emprego, segundo os números do Centro de Emprego.Não sentiu as palavras do presidente da Junta como uma crítica à política municipal?Todos sabemos que se trata de uma pessoa emotiva, que tem um estilo político muito próprio e que por vezes coloca nas palavras que profere uma carga mais dramática. Nessa intervenção dirigiu alguns reparos ao governo mas em nenhum momento criticou a política social da Câmara Municipal, ao contrário daquilo que foi noticiado. Depois da Assembleia falei pessoalmente com o presidente Jacinto Barbosa e ele garantiu-me que nunca foi sua intenção beliscar a actuação do executivo municipal. O agravamento dos problemas sociais tem sido significativo? A situação social no concelho não sendo um “oásis”, é com certeza bem menos preocupante que noutros concelhos, onde já fecharam portas empresas e continuam na incerteza de continuar a laborar, outras tantas. Em Coruche, os maiores empregadores não apresentam sinais de fragilidade. Há infelizmente situações mais inquietantes vividas pelas micro e pequenas empresas.  No que lhe diz respeito como encara a situação que se vive? Como tem respondido aos munícipes que o abordam directamente?Encaro a situação que se vive com muita atenção e preocupação, mas também com optimismo. Temos o nosso serviço de Acção Social no terreno, com total disponibilidade para auscultar e monitorizar as situações mais complicadas, de modo a podermos dar respostas eficientes, quer seja directa ou indirectamente. Tenho ouvido e registado tudo aquilo que me é transmitido pessoalmente pelos munícipes. Nessas ocasiões tenho aproveitado para lhes dar conta dos muitos programas e iniciativas municipais que temos na área social. A solução para os problemas sociais é remeter as pessoas carenciadas para a Segurança Social como disse na Assembleia Municipal? A Câmara pode alhear-se dos problemas dos cidadãos mesmo quando é considerado que a sua vocação não é dar “donativos” às pessoas?A Câmara Municipal de Coruche jamais se alhearia dos problemas dos coruchenses! Os problemas dos coruchenses são os problemas da Câmara Municipal. E eu, enquanto presidente da Câmara, nunca sacudirei a água do capote! A solução não é dizer, se têm problemas vão ter com a Segurança Social, nada disso. Temos um conjunto de iniciativas e medidas que demonstram as nossas preocupações sociais, quando as pensamos e executamos estávamos como é óbvio a pensar em auxiliar as pessoas.Que medidas são essas? Estou a falar de inúmeros mecanismos locais de apoio social directo e indirecto: o Casas com Gente, o Programa de Apoio ao Conforto Habitacional, o Cartão do Reformado, as Bolsas de Estudo, o Apoio aos Passes Escolares, a Residência Estudantil, a Unidade Móvel de Saúde, o Apoio ao Centro de Dia da Fajarda e Lamarosa, o Apoio à Requalificação do Lar da Misericórdia, o Apoio à Construção da Unidade de Cuidados Continuados e o Apoio ao Programa de Contratos Locais de Desenvolvimento Social. (Ver caixa)Mas nada de donativos.Para que fique claro, estou preocupado com as dificuldades que afectam os meus conterrâneos, agora não me peçam para a Câmara Municipal dar esmolas. Os problemas, as dificuldades, a crise, não se resolvem assim com donativos. Há políticas específicas da Segurança Social que devem ser aproveitadas, por quem realmente tem necessidades.Qual tem sido o resultado das medidas com alcance social implementadas no município? Quais as de maior e menor sucesso?O resultado tem sido positivo, penso que dentro das nossas possibilidades e competências, temos atenuado os efeitos da crise e minimizado a degradação social no concelho.As medidas sociais do municípioCasas com Gente é um programa da autarquia para repovoar o centro histórico e auxiliar a população mais necessitada nas despesas de arrendamento ou aquisição de habitação. Este programa foi colocado em prática em 2008 com o apoio a cinco famílias, este ano já recebemos mais seis candidaturas.  O Programa de Apoio ao Conforto Habitacional tem desempenhado um papel social fantástico, já temos resultados práticos deste programa que tem possibilitado a famílias carenciadas executarem obras em casa, que lhes permitem ter melhor qualidade de vida. Obras que sem o apoio da Câmara não seriam possíveis.O Cartão do Reformado tem tido imensa procura, temos muita população sénior a beneficiar deste cartão que em alguns casos, para além de dar descontos em diversos serviços e iniciativas municipais, possibilita ainda um desconto de 50% na factura da água.As Bolsas de Estudo são também um bom exemplo da política social da Câmara de Coruche, atribuímos anualmente 12 bolsas a jovens universitários, existem pouco municípios no distrito que façam o mesmo.A autarquia comparticipa desde sempre nas despesas dos passes escolares, mas temos feito ainda mais que a nossa obrigação e em alguns casos pagamos na totalidade esses passes.