uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Dedicação aos animais redundou em profissão

Dedicação aos animais redundou em profissão

Vítor Francisco é técnico de cinofilia e educa cães em Alpiarça

O profissional defende que o cão deve ser tratado como mais um membro da família e não como o animal que se alimenta e a quem se dá uma festinha ao final do dia.

Vítor Francisco sempre teve fascínio por animais, especialmente cavalos e cães. E cedo sentiu que podia ir mais além na possibilidade de ensinar e educar os animais a interagirem com os seus donos. Desse gosto à procura da formação adequada e ao emprego desejado foi um passo.O técnico de cinofilia tem 26 anos e educa cães através de aulas de obediência básica que permitem que os animais respondam às ordens elementares dos seus donos. Se o processo for continuado pode evoluir para um treino mais intensivo que leve donos e cães a competições de obediência de outras modalidades. Depois de concluir o nono ano, Vítor frequentou um curso da Escola de Cães Guia para Cegos de Mortágua, a única do país dedicada ao ensino de cães, que lhe conferiu equivalência num curso de formação profissional. Além das disciplinas normais, como matemática ou português, obteve noções de veterinária e disciplinas práticas de treino de cães para obediência.Entrou no mundo profissional numa escola em Lisboa para obediência e educação básica. Esteve lá um ano. Posteriormente criou a Universidade Canina em Alpiarça, para dar seguimento à paixão de fazer interagir o cão com o homem. Vítor Francisco defende que o cão deve ser tratado como mais um membro da família e não como o animal que se alimenta e a quem se dá uma festinha ao final do dia. As aulas que ministra podem ser colectivas e individuais. As colectivas são realizadas no parque da zona norte de Almeirim com os cães e respectivos donos aos fins-de-semana. Aparecem cães de diferentes raças. Labradores, rotweillers, pastores alemães, caniches, boxers, dobermans, pastores belga, incluindo os chamados rafeiros. Os donos vêm de localidades da região, como Santarém e Coruche, mas também de Torres Vedras ou Lisboa. Querem que os seus cães corrijam maus comportamentos, como seja não acatarem ordens ou serem demasiado activos. Problemas que o técnico relaciona, muitas vezes, com o facto de os donos escolherem cães mais pela sua estética do que pela raça e características. “Os cães são animais sociáveis, treinados e ensinados não incomodam ninguém”, garante. Nos treinos colectivos costuma reunir um grupo de 15 pessoas, cada qual segura o seu cão com trela, durante 45 minutos a uma hora. Treina a obediência com o uso da voz e de gestos. “Senta, deita, fica, palavras curtas e directas são as que melhor resultam como ordens para os canídeos. Podem também ser transpostas para o inglês, como stay e down, por exemplo. A boa resposta do animal é recompensada com brincadeiras e comida. O que o faz ir repetindo comportamentos à voz do dono, porque sabe que pode vir a brincar com bolas, churros (pequenos cilindros para o cão morder) e pequenos snacks.“O segredo passa por treinar e trabalhar insistentemente. Os donos vêm à procura de cães mais obedientes, que não ladrem cada vez que passam por outros cães ou pessoas. É também importante que seja o dono a conduzir o cão e não o contrário, que o animal não se distraia com tudo o que o rodeia. Em média, consegue-se por o cão a agir de acordo com a vontade do dono em cinco ou seis meses”, refere Vítor Francisco. Que treina obediência básica, sociabilidade (cães com pessoas que lhes são estranhas), obediência de competição para quem opte por ela, resolução de problemas comportamentais e agility, modalidade de competição.O treino individual é feito em sua casa. Muitas vezes na presença dos donos dos cães. Nesses casos procura ganhar a confiança do animal que desconfia de início. Depois parte para o treino e o cão que inicialmente lhe ladra pode, em pouco tempo, estar a obedecer-lhe como se Vítor fosse o seu dono de sempre.As mordidelas acontecem de vez em quando, mas mais do género para afastar o estranho, não para fazer real dano. Por fazer há cinco anos aquilo com que sempre sonhou, Vítor Francisco diz que trabalha por prazer e, não raras vezes, cria uma ligação afectiva com os seus “formandos”.“Tive uma labradora de nome Brija que fez uma coisa curiosa. Quando conversava com um colega dei conta que tinha perdido as chaves da carrinha num descampado. Estava já a anoitecer e a cadela apercebeu-se da nossa agitação ao procurar a chave. Qual não foi a nossa surpresa e satisfação que ela apareceu com a chave na boca”, recorda.Também já aconteceu deixar cair lágrimas após concluído o treino de obediência de um cão rafeiro levado por um dono que o recolheu. Um daqueles brigões que se tornou num cão sociável. Ou quando foi entregar o cão a um dono e o animal foi atrás de si até ao portão como que a dizer para “não se ir embora já”.
Dedicação aos animais redundou em profissão

Mais Notícias

    A carregar...