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E dizia o parvalhão «O sal de Rio Maior não salga!»

A cena tinha algo de patético: o emigrante português em Paris desde 1979 nunca tinha ido a Rio Maior, não conhecia as salinas e acabava de oferecer um saco de plástico com sal de Rio Maior a uma prima quando o marido da dita cuja, parvalhão até dizer chega, se saiu com um inesperado «O sal de Rio Maior não salga!» Vivemos tempos complicados, a nossa civilização apresenta sinais de óbvia doença como por exemplo a excessiva atenção dispensada aos animais desprezando ao mesmo tempo as pessoas ou a febre da chamada «bricolage» que leva milhares de pessoas a desprezarem o saber e a competência dos pintores, ladrilhadores ou carpinteiros para fazerem eles mesmos aquilo que deveria ser feito por profissionais competentes. Outra doença é a mania de ter opinião como se ter opinião fosse um valor acrescentado na nossa vida - e não é. Há mesmo pessoas que perdem tempo a responder a inquéritos sobre Pinto da Costa, Carolina Salgado, o caso Freeport, o treinador do Benfica ou outros assuntos afinal não prioritários porque não dependem nem deste escrutínio nem desta opinião avulsa. É neste contexto geral que eu vejo a frase do parvalhão, marido da prima do emigrante a quem eu, ingénuo português de Portugal, fui mostrar as salinas de Rio Maior. Esse parvalhão tentou passar por cima da memória de todos nós que (como eu) conhecem o sabor do sal das salinas de Rio Maior desde a infância ou os camiões que levam para toda a Europa comunitária o excelente sal nascido daquele poço tão especial e tão antigo. Esse parvalhão não percebe que a sua opinião não conta para ninguém nem talvez para ele mesmo. Conclusão definitiva: para falar por falar é melhor estar calado. José do Carmo Francisco

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